O candidato a deputado federal Beto Preto (PSD) revela suas propostas e bandeiras que pretende defender, pelo Paraná, na Câmara Federal, em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), desta terça (27).
Filiado ao Partido Social Democrático, Carlos Alberto Gebrim Preto, de 54 anos, é natural de Londrina (PR) e é servidor público federal. Foi eleito prefeito de Apucarana (PR) nos anos de 2012 e 2016. É casado e pai de dois filhos gêmeos, Pedro e Cecília, de 12 anos.
Formado há 28 anos, o médico Carlos Alberto Gebrim Preto teve o desafio de comandar a Secretaria de Estado da Saúde (SESA) durante o período pandêmico. “Foi um trabalho em que adquiri mais maturidade, depois de todo esse processo. Nunca achei que passaríamos e passamos por momentos dramáticos”, diz.
Beto Preto observa que a pandemia ainda é um evento muito recente, que não foi há bastante tempo, como alguns querem passar a impressão. “Tenho feito reuniões com 100, 150 pessoas, em ambientes fechados, que não aconteceriam no mesmo período do ano passado, quando todos ainda usavam máscaras e as reuniões tinham, no máximo, 50 pessoas”, relembra.
O ex-secretário estadual de Saúde destaca que o vírus da covid-19 ainda circulou fortemente pelo Paraná entre janeiro e fevereiro de 2022, quando o estado vivenciava a quarta onda, a que atingiu mais pessoas. “Graças a Deus, graças à ciência e à confiança das pessoas, todo mundo está vacinado”, frisa.
Beto Preto frisa que todos os municípios receberam doses de acordo com a demanda proporcional da população. Como os dados do IBGE estavam, de certa forma, defasados – o censo anterior é de 2010 – a Secretaria de Estado da Saúde adotou outros dois critérios para organizar a distribuição das doses entre os municípios: o número de contas de água e o número de eleitores.
Segundo o candidato a federal, alguns municípios tiveram crescimento demográfico nos últimos anos em função de grandes investimentos. Ele cita como exemplo Siqueira Campos, no Norte do Paraná, que possui, segundo o censo do IBGE de 2010, 18 mil habitantes, porém há uma estimativa que ultrapassa os 30 mil. De acordo com ele, há pelo menos 30 municípios com essa distorção entre o dado populacional oficial e a quantidade de moradores, de fato.
O candidato à reeleição ao governo do Paraná, Ratinho Júnior, tem destacado o papel de Beto Preto na gestão da saúde durante a pandemia e afirmado que a indicação técnica para coordenar a área fez a diferença. Beto comenta que participou da elaboração do plano de governo de Ratinho Júnior e que insistiu no assunto da regionalização, para distribuir recursos entre as regiões do Estado do Paraná, o que ele alega ter feito na condição de secretário de Saúde. Porém, a pandemia interrompeu esse trabalho. “Passamos por um momento em que perdemos mais de 43 mil paranaenses. Esse luto coletivo vai longe ainda”, diz.
O ex-secretário de Saúde destaca que o governador candidato à reeleição defende que era necessário defender a ciência, a favor da vida, acima de qualquer ideologia ou posição política. “Foi isso que fizemos. Precisava de leito de UTI? Abre leito de UTI, até onde conseguirmos”, afirma.
Beto Preto ressalta que sua gestão não permitiu a abertura de hospitais de campanha no Paraná e compara que os estados onde eles foram abertos tiveram complicações diante das dispensas de licitações. “Fizemos dentro da legalidade, chamamos todo mundo para participar: a Controladoria-Geral do Estado (CGE), Procuradoria-Geral do Estado (PGE). Todas as nossas contratações tinham filtro, para ficar dentro da legalidade mesmo num momento de exceção”, enfatiza.
Além disso, sob sua coordenação, o Paraná se antecipou na compra de seringas e de agulhas para a aplicação das vacinas contra covid e acabou fornecendo a outros estados. Segundo Beto Preto, havia a ata de registro de preços aberta, para a compra de acordo com a necessidade. “Chamei a equipe e falei: vamos comprar tudo”, diz. A equipe chegou a contestá-lo, porque o material não poderia ficar estocado, mas ele insistiu e comprou, porque calculou que poderia faltar.
O mais difícil de se obter, naquele momento, na visão do ex-secretário, era o imunizante; portanto, não se podia correr o risco de ter a vacina e não reunir condições de aplicá-la por falta de seringas e agulhas. Beto Preto afirma que também não queria correr o risco de fornecedores não entregarem o produto e, diante das leis de demanda e oferta, subirem repentinamente os preços. O ex-secretário pediu que fosse comprado todo o estoque de seringas e agulhas porque já estimava que o fornecimento do Ministério da Saúde pudesse atrasar e não haveria falta de material enquanto isso. “Não faltou seringa e não faltou agulha no Paraná”, salienta.
Beto Preto analisa que a percepção comunitária da pandemia se dá a partir do momento em que ela começa a interromper a vida cotidiana. “‘Não vai ter Páscoa’; ‘não vai ter Dia das Mães’; ‘não vai ter Dia dos Pais’. Quem dava essa notícia era eu, que tinha que ir ao rádio e à TV, com muito respeito. Entrávamos na casa das pessoas quase todos os dias, pelo rádio e pela TV, levando informações”, cita.
Pacto federativo
Para além da Saúde, o ex-secretário defende a bandeira da defesa do municipalismo e da divisão de recursos. “O pacto federativo parece muito longe das pessoas, mas isso fica claro na divisão de recursos quando, por exemplo, há possibilidade da diminuição do preço da gasolina e do álcool. Há possibilidade porque os tributos são enormes e são cobrados pelos estados e municípios, mas, principalmente, pelo Governo Federal. Você começa a mexer e cai o preço”, comenta.
Beto Preto defende que o contexto do pacto federativo seja aplicado também aos insumos de saúde. Hoje, segundo o candidato, boa parte dos medicamentos comercializados nas farmácia têm suas produções concentradas, principalmente, na China e na Índia, por haver uma carga tributária menor do que no Brasil, apesar de a indústria farmacêutica ter se desenvolvido no nosso país. “Não é que o laboratório brasileiro, a indústria farmacêutica não saiba fazer. Sabe, mas é mais barato produzir na Índia e na China do que no Brasil. Essa conta não pode ser dessa forma”, enfatiza.
O candidato a deputado federal também pretende lutar por uma revisão tributária dos assuntos da saúde, para a troca de equipamentos hospitalares e renovação de todo o enxoval. “Precisamos de equipamentos melhores nos hospitais, não apenas nos hospitais de São Paulo, no Sírio [Libanês], no [Albert] Einstein. Precisamos dotar os hospitais das regiões, como a Santa Casa de Ponta Grossa, que agora vai abrir uma nova unidade de câncer, com recursos do Estado do Paraná, nós temos que focar nos Hospitais Universitários, para eles também ampliarem, ainda mais, a assistência e manter esse caráter da academia, no ensino, desabrochar para dentro da assistência à saúde”, sustenta.
Desmonte do SUS
Estabelecido há 32 anos, pela Lei 8080, de setembro de 1990, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem sido “muito mais sabotado do que construído” ao longo desse período. Outra lei, de dezembro de 1990, a 8142, dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde.
“Há 20 anos não se reajusta a tabela de honorários médicos e de serviços prestados, por exemplo, na área ambulatorial: uma biópsia, uma consulta, uma consulta de pronto-socorro. A tabela hospitalar do SUS não se mexe nisso há 14 anos”, ressalta. Para uma cirurgia de hérnia inguinal, por exemplo, o cirurgião recebe R$ 93. Beto Preto opina que um médico só se submete a isso, hoje em dia, por caridade, ao considerar os anos de estudo necessários para estar apto a realizar essa operação, que é simples, mas que pode gerar intercorrências no pós-operatório.
“Precisamos remunerar melhor o médico, precisamos entrar nessa discussão para remunerar melhor todos os profissionais de saúde: os enfermeiros e técnicos, fisioterapeutas, nutricionistas e o assistente social. Todas essas profissões de saúde que estiveram na frente de batalha, no front da pandemia, têm o direito de serem melhor remuneradas”, defende.
O candidato avalia que não adianta o parlamentar expor nas redes sociais que está votando a favor da criação de um piso para a enfermagem e não entender de onde saem os recursos para garanti-lo. “No âmbito das prefeituras, do estado e do governo federal, isso você coloca no orçamento, põe para dentro, a maioria dos profissionais de enfermagem está recebendo perto e vai passar um pouco. E o hospital filantrópico? E a clínica de hemodiálise? E os serviços médicos que prestam serviço ao SUS? Eles também estão há 14 anos sem revisão de tabela. Precisamos rever a tabela e por isso que tem que ter deputado lá que entenda o processo”, pondera.
A solução, para o candidato a deputado, é separar desde já essa verba no orçamento para pagar melhor aos hospitais e melhorar a tabela do SUS. No Estado, o programa Opera Paraná paga duas vezes o valor da tabela. “Ainda é pouco. Mas esse foi um incentivo que o governador Ratinho Júnior autorizou. Historicamente, o estado e o governo federal colocavam R$ 12 milhões a R$ 15 milhões, por ano, no total em mutirão de cirurgias eletivas. O Opera Paraná colocou R$ 150 milhões. Não foi um aumento de 10%, 20%, foi um aumento de 900%”, ressalta.
Quanto a um eventual convite para voltar à Secretaria de Estado da Saúde no próximo mandato, Beto Preto afirma que está “junto com o governador. Ele me deu essa missão de ir lá em Brasília falar do SUS, falar do orçamento e cuidar dos municípios. Temos uma atuação forte em outras áreas, como a da educação e a de urbanização”.
Em sua gestão na Prefeitura de Apucarana, Beto Preto investiu, com apoio da Secretaria de Estado, na área de esportes do município, que ele considerava abandonada, porque chovia dentro de ginásios. No seu mandato, foram reformados os ginásios e construídos novos centros esportivos, construídas mais praças, duas piscinas receberam cobertura e aquecimento para oferecerem hidroginástica para a população com mais de 50 anos.
Eleito pela bandeira da Saúde para a Prefeitura de Apucarana, Beto Preto destaca também o investimento que sua gestão teve em outras áreas, como a da Educação, com a criação de bibliotecas em todas as salas de aula do 1º ao 5º ano do ensino fundamental I, que colocou o município como finalista do Prêmio Jabuti de promoção de novos leitores. O ex-prefeito de Apucarana ressalta a necessidade de estimular a leitura e a apreensão de textos e de contas matemáticas básicas entre as crianças nessa faixa etária, o que manteve o município com Ideb de 7.3.
“Na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), as crianças de Apucarana tem ganhado medalhas, 20% a 25% das medalhas com nota maior que 9 são lá de Apucarana. Tudo isso é um contexto de formar uma geração vencedora para a frente e dar oportunidade para todo mundo”, enaltece.
Confira a entrevista de Beto Preto na íntegra: