Terça-feira, 29 de Julho de 2025

Empresa da região demite 100 funcionários após tarifa dos EUA

Medida atinge fábricas em Ventania e Telêmaco Borba e é justificada pela empresa como uma resposta à insegurança gerada por novas taxas de exportação para o mercado norte-americano
2025-07-24 às 15:02

A indústria madeireira Sudati anunciou a demissão de 100 funcionários de suas fábricas em Ventania e Telêmaco Borba, na região dos Campos Gerais. A decisão ocorre devido à insegurança gerada pela nova tarifa de 50% que o governo dos Estados Unidos aplicará a produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.

As duas unidades afetadas produzem compensados, e os Estados Unidos são um dos principais mercados da empresa, segundo sua assessoria de imprensa. Os cortes serão realizados ao longo de 60 dias, e os colaboradores impactados estão sendo comunicados individualmente.

Em nota, a Sudati afirmou que “o atual cenário econômico tem exigido das indústrias maior eficiência e resiliência”. A empresa explicou que a medida foi necessária para garantir a sustentabilidade da operação, sem comprometer os compromissos com clientes e fornecedores. “A decisão, ainda que difícil, está sendo conduzida com responsabilidade e respeito. Todos os colaboradores afetados receberão o apoio necessário, conforme determina a legislação trabalhista”, declarou a indústria.

Com uma produção anual de 600 mil m³ e cerca de 2,8 mil funcionários no total, a Sudati também possui fábricas em Palmas e Ibaiti, no Paraná, e uma unidade de MDF em Otacílio Costa (SC), que, a princípio, não serão afetadas. A nova taxação norte-americana tem gerado forte impacto no setor madeireiro paranaense. Recentemente, a BrasPine anunciou férias coletivas para 1,5 mil trabalhadores e a Millpar adotou a mesma medida para 640 funcionários, ambas pelo mesmo motivo.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), 90% da produção nacional de compensados se concentra no Sul do Brasil, e o país exporta aproximadamente 50% desse volume para os Estados Unidos. “A maioria dos contratos estão sendo cancelados pelos importadores norte-americanos e muitos embarques foram suspensos”, alertou a entidade, que vê as férias coletivas como uma tentativa de preservar empregos enquanto busca soluções.

O Paraná, segundo a Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), é um dos principais exportadores de madeira do Brasil. O setor gera cerca de 400 mil empregos diretos e indiretos no estado.