Secretário de Saúde do Paraná concedeu entrevista exclusiva ao D’Ponta News nesta sexta-feira (26)

Na tarde desta sexta-feira (26), o médico e secretário de Saúde do Paraná Carlos Alberto Gebrim Preto, o Beto Preto, concedeu uma entrevista ao programa JB Urgente, no D’Ponta News. Na conversa Beto abordou temas como o pico da doença, as ações de combate do estado no enfrentamento da Covid-19, reforçou os cuidados com o distanciamento social, entre outros temas abordados. Confira abaixo os principais pontos da entrevista.

Hospitais do Paraná na pandemia

Para o secretário os resultados do Paraná estão melhores que o da maioria dos estados da Brasil graças ao trabalho realizado, contando com a rede de hospitais que já existem no estado. “Nosso trabalho é honesto, sério, fizemos a opção por não fazer hospitais de campanha, contamos com a rede que já existe. Dos 1.200 leitos de UTIs que temos disponíveis no estado nos últimos 30 anos, nós já credenciamos em 90 dias outros 800 leitos espalhados por todo o estado”, completa.

Isolamento domiciliar

Sobre os índices de isolamento, Beto destaca a queda acentuada no último mês. ”Fizemos uma conta para que pudéssemos trabalhar com o isolamento domiciliar de 50% da nossa população, e esse é o ‘grande nó’ nesse momento. Esse índice caiu para 35% e com isso nossos casos e notificações pelo coronavírus tem subido desde meados de maio”, alerta.  

Sobre o número de casos aumentando, o secretário destaca medidas que podem ser tomadas nos próximos dias. “Talvez nos próximos dias tenhamos que tomar medidas mais duras, medidas que talvez não gostaríamos, mas para que nós tenhamos a curva da doença caindo, nós vamos precisar passar por isso”, diz.

Lockdown no Paraná, é possível?

Quando indagado sobre a possibilidade de lockdown, o secretário descarta e diz que hoje não há previsão dessa ação ser tomada. “Não diria que vamos fazer um lockdown, mas sim, temos que fazer a quarentena como era nos moldes do mês de março, abril. Gostaria que tivesse a uniformidade de ações dos municípios”, explana.

Medidas necessárias para evitar a propagação da doença

Sobre as medidas necessárias para frear o avanço da doença e a não existência de medicamentos para a cura do vírus, Beto esclarece. “Não temos remédio, não temos vacina. Fala-se em cloroquina e outros tantos, mas pode saber: quando há muito remédio para uma doença, nenhum deles serve”, enfatiza.

“Enquanto não tem o remédio exato, o melhor é se prevenir, usar máscara fora de casa, usar álcool em gel, evitar contato manual, evitar sair. Quem puder ficar isolado, fique! Tomar todos os cuidados com idosos, pacientes com câncer, portadores de doenças crônicas, todos que fazem parte do grupo de risco”, pede.

As Aglomerações

As aglomerações, segundo Beto, são o grande momento onde o vírus se prolifera. Ele ainda pede que quem puder evitar locais de grande movimentação, evite. “As aglomerações têm sido o grande momento, o grande gargalo das transmissões. Então, quem puder evitar transporte coletivo cheio, evite! Quem precisa sair, ir ao trabalho, também deve tomar todos os cuidados”. Beto ainda faz um alerta. “De cada caso contaminado com sintoma, existem outros 12 casos assintomáticos circulando na região. Esse é o momento de ficar mais restrito”, explica.

Motivação para a rápida proliferação do vírus

Sobre o pico, o ápice da doença no estado, Beto diz que o Paraná pretendia passar por uma curva suave, quase sem pico. “Nós pretendíamos ter uma curva suave, passar pela pandemia sem pico, porém, esses movimentos todos como Dia das Mães, Dia dos Namorados, idas ao banco por aposentadorias, busca pelo auxílio emergencial, tudo isso acabou aglutinando, aglomerando pessoas”, lamenta.

Pico da doença no estado

Sobre o pico da doença, após o aumento significativo do número de casos, Beto Preto destaca que o pico deverá ser daqui a duas ou três semanas. “Nós teremos pela frente, duas, três semanas muito difíceis, e isso se alastra por todo o estado. Veja, há um mês atrás cerca de 60 municípios tinham casos de coronavírus confirmados. Hoje [26/06], temos 339 dos 399 [municípios] com casos positivos, já que a transmissão no Paraná é comunitária”, aponta.

O secretário ainda diz que poderíamos estar em um momento melhor, porém alguns fatores, algumas retomadas fizeram o vírus aumentar com força no estado. “Poderíamos já estar descendo essa curva, mas não é o caso. Com atividades econômicas sendo retomadas aqui e ali, o vírus subiu! Por isso a necessidade de tomadas de ações diferentes, mas sempre com responsabilidade”, conclui.

Respiradores

Sobre os respiradores e ventiladores adquiridos pelo Paraná, Beto comemora os baixos valores pagos e e diz que esta é a obrigação do gestor público, a transparência e a responsabilidade com os gastos. “Essa é a nossa obrigação! Eu e o governador Ratinho Junior queríamos ter comprado mais equipamentos, mas não conseguimos, mas o que compramos foi dentro do equilíbrio financeiro. Temos dificuldades enormes, mas tentamos passar por elas todos os dias”, relata.

Hospital Regional de Telêmaco Borba

Sobre o Hospital Regional recém inaugurado e entregue em Telêmaco Borba, Beto enfatiza que esta é uma obra que a população aguardava há muito tempo e, que depois da pandemia, poderá ser usufruída pela comunidade da região. “Fizemos um grande esforço lá. Há 10 anos a cidade aguardava isso! Contamos com empresa como parceira, os reparos do local foram realizados também por essa empresa. São 10 leitos de UTI, 40 leitos de enfermaria à disposição da comunidade para o enfrentamento à Covid-19. Quando tudo isso passar, o hospital vai continuar atendendo, com o perfil que as pessoas esperam lá na região norte dos Campos Gerais”, acredita.

Confira a entrevista na íntegra:

Por Matheus Fanchin/Imagem/Vídeo: D’Ponta News