Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2024

Coluna Draft: ‘A Cobra vai fumar!’, por Edgar Talevi

2022-08-19 às 11:00

A Cobra vai fumar!

É realmente uma grande aventura viajar pelo universo da linguagem, ainda mais quando estamos em nosso dileto idioma, a Língua Portuguesa.

Desde sempre, nós, usuários do idioma, personificamos nossas falas por meio de expressões que ressignificam o vernáculo e dão ainda mais graça à linguagem.

Dentre tantas expressões, a que dá nome a esta crônica é uma das mais conhecidas. Sua origem está na Força Expedicionária Brasileira, que tem a cobra como símbolo. O lema “A cobra está fumando” foi uma resposta àqueles que consideravam ser mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra.

Outra curiosidade é justamente aquela que “matou o gato” – ‘a curiosidade matou o gato’. Diz-se quando se quer pedir para alguém parar de perguntar demais sobre o que não lhe diz respeito. Sua origem está na Grã-Bretanha, e a expressão parece ter surgido pelos idos do século XVI. Trata-se de um cala-boca eufêmico!

‘A cavalo dado não se olham os dentes’ – curiosa expressão, de origem desconhecida, que equivale a dizer para que se aceite os presentes recebidos. A um objeto recebido não se deve olhar valor.
Mais curioso ainda é o fato de que a idade de qualquer equino é facilmente identificada visualizando-se os dentes. Daí a solução para o mistério da expressão supracitada.

Uma expressão bem antiga e muito comum é: ‘A bom entendedor, meia palavra basta’ – Ela não foi fabricada no Brasil, mas na Espanha. Seu sentido usual é que quando quem escuta é inteligente e perspicaz, não é preciso dizer muito. Com poucas palavras, se é compreendido.

A expressão foi consagrada por dois autores espanhóis: Fernando Rojas, na comédia ‘A Celestina’, e Miguel de Cervantes, em ‘Dom Quixote’.

Encerramos nossa semana, prezados leitores, com a frase célebre de Augusto dos Anjos:

“Ambiciono que o idioma em que eu te falo
Possam todas as línguas decliná-lo
Possam todos os homens compreendê-lo”

Coluna Draft

por Edgar Talevi

Edgar Talevi de Oliveira é licenciado em Letras pela UEPG. Pós-graduado em Linguística, Neuropedagogia e Educação Especial. Bacharel e Mestre em Teologia. Atualmente Professor do Quadro Próprio do Magistério da Rede Pública do Paraná, na disciplina de Língua Portuguesa. Começou carreira como docente em Produção de texto e Gramática, em 2005, em diversos cursos pré-vestibulares da região, bem como possui experiência em docência no Ensino Superior em instituições privadas de Ensino de Ponta Grossa. É revisor de textos e autor do livro “Domine a Língua – o novo acordo ortográfico de um jeito simples”, em parceria com o professor Pablo Alex Laroca Gomes. Também autor do livro "Sintaxe à Vontade: crônicas sobre a Língua Portuguesa". Membro da Academia Ponta-grossense de Letras e Artes. Ao longo de sua carreira no magistério, coordenou inúmeros projetos pedagógicos, tais como Júri Simulado, Semana Literária dentre outros. Como articulista, teve seus textos publicados em jornais impressos e eletrônicos, sempre com posicionamentos relevantes e de caráter democrático, prezando pela ética, pluralidade de ideias e valores republicanos.