Sexta-feira, 19 de Abril de 2024

Coluna Draft: ‘Baluarte da Democracia: O Jornalista em Pauta!’, por Edgar Talevi

2022-04-08 às 10:57
Foto: Roger H. Goun/Flickr

Em nossa democracia ainda infante, a maturidade plena da cidadania chega por meio do desenvolvimento da informação, da apuração dos fatos e da construção de conhecimentos que promovem na sociedade a dialética do plural. Esse é o nicho do qual faz parte o jornalista, que colabora (do latim “colaborare” – ajudar, trabalhar junto) de um ideal de mundo equânimo, comedido e sensato.

Da notícia in loco, dos fatos inamovíveis, às vezes pouco palatáveis, mas sempre verdades objetivas e honestas, até mesmo alcançando as burlescas pantomimas da classe política, o jornalista redesenha, sem nunca desconfigurar, a realidade diante do ávido leitor/espectador/ouvinte.

Faça-se jus e obtenha-se mérito à classe que tanto se mostra perseguida em tempos de contumaz perseguição ideológica e aparelhamento estatal de personagens risíveis, porém poderosas, que ferem a democracia com retóricas pejorativas e radicalizam discursos que causam torpor e estranheza no dia a dia dos meandros da sorrateira arte de desdizer o óbvio.

Para que tenhamos a noção da execração a que estão submetidos os profissionais da comunicação, em 2020, em pleno ano de Pandemia, em que o mundo mais precisou de informação livre, o Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil, elaborado pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), evidenciou um crescimento vertiginoso de violência contra a categoria desses profissionais, na casa dos 105%, com Jair Bolsonaro liderando ataques. Para a FENAJ, o aumento da violência está associada à ascensão de Jair Bolsonaro à Presidência da República e ao crescimento do bolsonarismo.

Sozinho, ainda segundo a FENAJ, Jair Bolsonaro respondeu por 175 registros de violência contra a categoria (40% dos 428 casos registrados). Isso, em pleno regime “democrático” por que passa o Brasil, em um momento de necessidade rigorosa de informação e instrução à população.

No ano passado, os achaques à categoria dos jornalistas, segundo Relatório da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão, teve novo aumento, desta vez de 21%. Somente em 2021, foram registrados 145 casos de violência contra esses profissionais em todo o Brasil. A ofensa mais comum, ainda segundo o Relatório, foi a agressão física, responsável por 89 vítimas.

De acordo com o Presidente da Abert, Flávio Lara Resende: “A liberdade de imprensa não aceita retrocessos. O direito constitucional da sociedade brasileira de ser informada sobre fatos que impactam o seu cotidiano somente será garantido com uma imprensa livre.”

A liberdade de imprensa precisa da garantia da imprensa livre de discursos de ódio, bem como da estabilidade do projeto democrático, sem que haja cerceamento do direito de informar, opinar e exercer seu mister.

A figura do jornalista é peça basilar no tabuleiro do Estado Democrático de Direito, em que não se admite censura, nem atos ideológicos persecutórios. Ganha-se toda uma sociedade com o livre-arbítrio de um jornalismo sério, sem amarras e veiculado com a responsabilidade de que lhe é pertinente, em um país multifacetado e diversificado como o Brasil.

Segue sendo, segundo se pode inferir da hermenêutica da Carta Magna da República, o leitor/espectador/ouvinte o único censor da informação, dando a esta o devido apreço e atenção, com pleno direito ao contraditório, sem que, para tanto, outros interesses de poder interfiram no trabalho e ofício do jornalismo em sua integral e íntegra missão de promover a verdade e o conhecimento.

Se reconhecemos datas tão notórias, tais como 2 de setembro de 1945; 31 de março de 1964; 20 de julho de 1969; 15 de março de 1985 e, não menos importante, 2 de outubro de 2022, aplaudamos ao jornalismo que, por eficiência e honrada responsabilidade, legou-nos a memória que se perenizou na história.

Juahrez Alves dá-nos o epílogo deste flerte com o protagonismo do jornalismo em dias tão calamitosos como os nossos: “A imprensa é a voz dos oprimidos e o terror dos malfeitores!”

Coluna Draft

por Edgar Talevi

Edgar Talevi de Oliveira é licenciado em Letras pela UEPG. Pós-graduado em Linguística, Neuropedagogia e Educação Especial. Bacharel e Mestre em Teologia. Atualmente Professor do Quadro Próprio do Magistério da Rede Pública do Paraná, na disciplina de Língua Portuguesa. Começou carreira como docente em Produção de texto e Gramática, em 2005, em diversos cursos pré-vestibulares da região, bem como possui experiência em docência no Ensino Superior em instituições privadas de Ensino de Ponta Grossa. É revisor de textos e autor do livro “Domine a Língua – o novo acordo ortográfico de um jeito simples”, em parceria com o professor Pablo Alex Laroca Gomes. Também autor do livro "Sintaxe à Vontade: crônicas sobre a Língua Portuguesa". Membro da Academia Ponta-grossense de Letras e Artes. Ao longo de sua carreira no magistério, coordenou inúmeros projetos pedagógicos, tais como Júri Simulado, Semana Literária dentre outros. Como articulista, teve seus textos publicados em jornais impressos e eletrônicos, sempre com posicionamentos relevantes e de caráter democrático, prezando pela ética, pluralidade de ideias e valores republicanos.