Sábado, 27 de Julho de 2024

Coluna Draft: ‘Brasil abaixo de tudo!’, por Edgar Talevi

2022-09-30 às 11:00
Foto: Reprodução/Freepik

Independente de quem vencer estas eleições presidenciais, seja no primeiro ou no segundo turno, uma coisa é certa: o Brasil saiu perdendo!

A afirmação acima não é mera retórica nem arroubo de discurso, mas uma constatação devido à falta de projetos verdadeiramente contundentes para governar o país. Sobram ideologias, faltam ideias.

Não obstante, a polarização ridícula a que estamos expostos no pleito deste domingo evidencia o caráter pejorativo a que a política chegou em âmbito nacional. Os discursos de ódio de todas as partes envolvidas nos conflitos de opinião prevalecem sobre um plano de governo que contemple os milhares de desempregados no país, a carestia dos alimentos, o processo de desindustrialização que acomete o Brasil, além de esbarrar na fuga de capitais pelo medo do desconhecido. Vivemos tempos de incertezas e, deste modo, o sentimento que mais caracteriza este momento é o de impotência.

Não custa perguntar: quantos de nós já perdemos amigos, até mesmo relações familiares envolvendo discussão política? O país seguirá dividido, seja quem for que vença a eleição majoritária à Presidência da República.

Outro sentimento que nos falta às vésperas das eleições é o de pertença. Explico: a frágil concepção da democracia da maioria esfacela o direito das minorias ao seu lugar de fala. Os grupos não privilegiados pelo status quo de uma sociedade segregária amarga a solidão de um discurso monólogo em busca de um espaço para existir e ser representado. Nesses grupos estão os menos favorecidos por questões de ordem social, os perseguidos por sua orientação sexual, os que sofrem pelo racismo estrutural de uma sociedade hipócrita e cada vez mais vassala de um sistema sectário e desagregador.

Dar voz e vez a todos os grupos é papel fundamental de um Estado Democrático de Direito, ao menos nas democracias sérias. Muito embora incipiente, nossa democracia ainda demora a reconhecer a necessidade de se perceber as minorias e fazer valer o direito de todos, sem distinção de credo, raça, orientação sexual dentre outros.

É chegada a hora da decisão entre qual será o(a) mandatário(a) do Poder Executivo nos próximos 4 anos. Serão, ao máximo, dois dias de votação, caso ocorra segundo turno, mas as cicatrizes entre antigos amigos, familiares e, no âmbito social maior, nas camadas mais vulneráveis da população, permanecerão inquietas, doloridas, à espera de que um dia a democracia se volte a seu papel agregador, emancipador e cidadão a que todos aspiramos.

as opiniões expressadas por nossos colunistas não refletem, necessariamente,
o posicionamento do portal D’Ponta News.

Coluna Draft

por Edgar Talevi

Edgar Talevi de Oliveira é licenciado em Letras pela UEPG. Pós-graduado em Linguística, Neuropedagogia e Educação Especial. Bacharel e Mestre em Teologia. Atualmente Professor do Quadro Próprio do Magistério da Rede Pública do Paraná, na disciplina de Língua Portuguesa. Começou carreira como docente em Produção de texto e Gramática, em 2005, em diversos cursos pré-vestibulares da região, bem como possui experiência em docência no Ensino Superior em instituições privadas de Ensino de Ponta Grossa. É revisor de textos e autor do livro “Domine a Língua – o novo acordo ortográfico de um jeito simples”, em parceria com o professor Pablo Alex Laroca Gomes. Também autor do livro "Sintaxe à Vontade: crônicas sobre a Língua Portuguesa". Membro da Academia Ponta-grossense de Letras e Artes. Ao longo de sua carreira no magistério, coordenou inúmeros projetos pedagógicos, tais como Júri Simulado, Semana Literária dentre outros. Como articulista, teve seus textos publicados em jornais impressos e eletrônicos, sempre com posicionamentos relevantes e de caráter democrático, prezando pela ética, pluralidade de ideias e valores republicanos.