Quarta-feira, 24 de Abril de 2024

Coluna Draft: ‘Chegou ‘no’ Brasil a Gramática’, por Edgar Talevi

2022-07-01 às 11:04

Ao Brasil chegaram Portugueses, Italianos, Ucranianos e tantos outros povos maravilhosos! Mas, e quanto à gramática normativa de nosso idioma? A ela chegaram diversos elementos que nos possibilitam a falar e a escrever melhor.

O caso primeiro a ser verificado nesta crônica é o verbo “chegar”. Quem chega, chega “a” algum lugar, portanto, o correto é chegar ao Brasil, não “no” Brasil.

Sigamos com nossa aventura pelo universo gramatical: outro aspecto que gera conflito é quando usamos o verbo comunicar. Vejamos: “Ele comunicou ‘os amigos’ da viagem.” Comunica-se alguma coisa a alguém, e não comunica-se alguém de alguma coisa: “Ele comunicou a viagem aos amigos”.

De igual modo, alguma coisa é comunicada, mas ninguém “é comunicado de alguma coisa”: “As mudanças foram comunicadas aos empregados da fábrica”.

Outros verbos, que são regidos pela mesma norma e podem se assemelhar a comunicar, são: cientificar, notificar e avisar.

Bem, se usando todas essas supracitadas normas, um determinado candidato a emprego na área de comunicação for aprovado, poderia dizer que “Conseguiu ‘com que’ o contratassem”. Aí o pesadelo começa, pois a forma ‘com que’ é inadequada. Por influência de ‘fazer com que’, verbos como conseguir, permitir e evitar são usados erradamente.

Aqui a dica é sucinta: evite o uso do ‘com que’ a todo custo: “O empregado conseguiu que sua obra fosse aprovada”. Simples, não é mesmo?

Tantas normas nos fazem pensar que, ao longo de muitos anos de escola, nossos professores contribuem ‘com’ o sucesso de nossa aprendizagem. Isso é a mais autêntica verdade, mas cuidado ao escrever e falar o verbo contribuir com o uso do ‘com’. Trata-se de inconveniência gramatical.

Prefira o uso de: “Ele contribuiu ‘para’ o sucesso da aprendizagem de seus alunos. O ‘para’ funciona muito bem e substitui à altura o ‘com’.

Para finalizar, podemos dizer que demos à luz novos conhecimentos gramaticais, não é verdade? Vejam bem que usei ‘dar à luz’, sem artigo nem preposição depois. Seria totalmente equivocado usar ‘dar à luz a’. Fiquem atentos!

Encerro nossa crônica desta sexta-feira, com uma frase de Matheus Carmezim, sobre erros de Português:
“Não me julguem por erros de Português passados, sei que muitos porquês (até esse) estão errados!”

Coluna Draft

por Edgar Talevi

Edgar Talevi de Oliveira é licenciado em Letras pela UEPG. Pós-graduado em Linguística, Neuropedagogia e Educação Especial. Bacharel e Mestre em Teologia. Atualmente Professor do Quadro Próprio do Magistério da Rede Pública do Paraná, na disciplina de Língua Portuguesa. Começou carreira como docente em Produção de texto e Gramática, em 2005, em diversos cursos pré-vestibulares da região, bem como possui experiência em docência no Ensino Superior em instituições privadas de Ensino de Ponta Grossa. É revisor de textos e autor do livro “Domine a Língua – o novo acordo ortográfico de um jeito simples”, em parceria com o professor Pablo Alex Laroca Gomes. Também autor do livro "Sintaxe à Vontade: crônicas sobre a Língua Portuguesa". Membro da Academia Ponta-grossense de Letras e Artes. Ao longo de sua carreira no magistério, coordenou inúmeros projetos pedagógicos, tais como Júri Simulado, Semana Literária dentre outros. Como articulista, teve seus textos publicados em jornais impressos e eletrônicos, sempre com posicionamentos relevantes e de caráter democrático, prezando pela ética, pluralidade de ideias e valores republicanos.