Cuidado com a por cada! Sim, foi o que eu escrevi, mas não é nada além de uma dica gramatical! Se não, vejamos: “Porcada”, juntinho, é uma palavra estranha ao intuito comunicativo em determinadas situações: “É um pedaço de carne por cada pessoa!” Viram? A isso chamamos Cacófato, ou seja, pronúncia desagradável.
Outras semelhantes a essa podemos encontrar em: “O irmão Lindolfo deu um salto ao ouvir a buzina!” – vejam: “Lindolfodeu” – credo! Se unirmos a palavra, teremos um desajuste geral!
Sigamos com mais exemplos: “Ela tinha muitas roupas de tom amarelo!” – “elatinha”.
“Ele tem fé demais para deixar a vida passar à toa!” – “tem fédemais”.
“Ela te tenha contado isso ontem” – “ela tetinha”.
“Fica tranquilo porque vou-me já!” – “voumejá”.
“O time conseguiu vencer na vez passada!” – “vezpassada”.
“A colega pôs a culpa nela!” – “culpanela”.
Não faltam exemplos áridos de linguagem cacófata com que nos debruçarmos e rirmos muito. Mas, cuidado! A cacofonia implica desvalorização de um texto em ocasião de concurso vestibular, ENEM dentre outros.
Por falar em concursos, ainda hoje me lembrei de algumas nuances de linguagem que geram dúvidas, a saber, o gênero de algumas palavras: alface, cal, champanhe etc.
Comecemos pelo ou pela alface? O correto é “A” alface: A alface está uma delícia, no feminino.
E quanto ao ou à cal? Digamos e escrevamos “A” cal: A cal foi misturada ao cimento.
E, terminamos com a ou o champanhe? Digamos “O” champanhe: O champanhe acompanha uma boa festa!
Para encerrarmos nossa crônica desta sexta-feira e iniciarmos bem o fim de semana (encerrar iniciando – coisas da Língua), leiamos as doutas palavras de Luís Fernando Veríssimo:
“Não se pode compreender tudo – pelo menos não com este cérebro que mal compreende a si mesmo!”