A Língua Portuguesa é robusta e, portanto, permite aos seus usuários certos fetiches na fala e na escrita. É comum, por exemplo, encontrar pessoas, no rádio e na televisão, que dizem ‘a nível de’ a toda hora, mas isso não está correto.
Além de ser um modismo, ‘a nível de’ não existe no idioma. Para começar, “a” não combina com “nível”. Notemos: ninguém diria ‘a plano’ federal ou ‘a termos’ de ideias. Essas palavras, nos exemplos, estão empregadas no mesmo sentido de “a nível de”. A boa gramática sugere que quem insistir nessas expressões, simplesmente substitua o “a” por “em”, deste modo: “em nível de”. Exemplos. “Em nível federal; no nível das ideias dentre outros.”
Mas o pior ainda está por vir e diz respeito à etiqueta, ao comportamento social. Exemplo. “Os convidados sentaram na mesa para participar do jantar.” Notemos que ‘sentar na’ equivale a ‘estar em cima’, o que, evidentemente, não causaria boa impressão no caso supracitado, não é mesmo? Então, qual seria a forma adequada para o caso em questão? Podemos resolver da seguinte maneira: “Os convidados sentaram à mesa para participar do jantar.” Pronto, que alívio!
Outra curiosidade notável em Língua Portuguesa é o uso indiscriminado de “A blusa é em seda.” Opa! Mas qual o problema para esse caso? Simples: o correto, segundo as normas gramaticais vigentes, é “A blusa é de seda”.
Notemos mais alguns exemplos que seguem a mesma orientação acima: “muro de concreto; casa de alvenaria; cabo de aço; vestido de cetim; blusa de seda; camisa de lã; objetos de prata; escultura de mármore.”
São, prezados leitores, muitas normas que cercam nossa escrita em Língua Portuguesa, mas o que seria de nós sem os montantes mágicos da linguagem e suas possibilidades infinitas de criar mundos e espetáculos em nosso favor?
Iniciamos a semana, nesta segunda-feira, com uma frase de Teresa Teth: “Uma língua não morre enquanto houver um falante. É por isso que o Português jamais morrerá. Atravessou séculos, continentes, oceanos e permanece forte como o cobre.”