Encare a Língua Portuguesa
Encarar situações-problema pode ser difícil, mas é necessário. Urgente mesmo é encarar o verbo encarar, na forma certa, e evitar tautologia. Encarar, só pode ser “de frente”, pois, no mínimo, seria estranhíssimo encarar de costas, concordam? Portanto, encare a Língua Portuguesa – que nunca será um problema – sem necessidade de maiores adereços.
Se concordamos nisso, criamos um elo entre nós, a saber, a preciosa gramática de nossa Língua Portuguesa. E, digamos bem, tal elo dispensa a ligação; explico: elo, necessariamente, é de ligação. Sendo assim, evitemos dizer elo de ligação. Combinado?
Entramos diretamente no caminho da linguagem hoje. Mas, observem: apenas entramos, sem que precisássemos entrar dentro do caminho; até porque seria uma enorme redundância! Salvai-nos, doutor Sérgio Monteiro Zan, exímio conhecedor das letras vernáculas!
Poderiam, os prezados leitores, indagarem: seria tempo perdido estudar tantas regras gramaticais? Bem, a resposta não é tão simples, porém é importante lembrar dos ditosos vestibulares, bem como do exaustivo ENEM e demais concursos da vida. Aqui, uma breve interrupção deste cronista: É possível reaver o tempo? A esse respeito, digo um sonoro NÃO! Basicamente, o tempo não se recupera – coisas “filosofais” – por isso, prefiramos a frase em que usemos: Ninguém recupera o tempo! O verbo reaver, deste modo, somente se flexiona nas formas em que haver tem a letra “v”: reavemos, reouve, reaverá, e por aí vai. Até parecem tempo perdido tamanhas preocupações com o idioma, mas, afinal, como diria Renato Russo: “Não foi tempo perdido; somos tão jovens!”
Quando estudamos com afinco a Língua Portuguesa, chegamos ao ponto em que é imprescindível que um dicionário intervenha para nos ajudar. Opa! Mais um detalhe aqui: O bendito verbo intervir. Se flexionarmos intervir, na terceira pessoa do singular, do presente do indicativo, teremos ele interveio ou ele interviu? Respondo: A forma adequada é “O dicionário (ele) interveio”. E isso pelo simples fato de que os verbos derivados de vir seguem a flexão do primitivo: vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram. Assim, temos: intervim, intervieste, interveio, interviemos, interviestes, intervieram.
Neste contexto, leiamos sempre da forma correta para evitar equívocos. LEIAMOS, não leamos. Não nos esqueçamos da vogal “i”. Então, se até aqui conseguimos abraçar nossa querida gramática, posso, com carinho, assinar esta crônica com minha rubrica. Notem: rubrica, sem acento, pois rúbrica ainda não está dicionarizada.
Não poderia faltar a este texto um epílogo de robustez incomparável, tal como um verso do soneto XXVI, da obra “As Horas Sonâmbulas”, de Sérgio Monteiro Zan: “Porque em mim vive a Fábula e a Distância”.