Bala e granada. Assim se manifestou o ex-deputado federal e ex-presidenciável Roberto Jefferson (PTB) ao receber os agentes da Polícia Federal que cumpriram mandado de prisão contra ele.
Tal episódio é uma insígnia do fundamentalismo político-ideológico em que chafurda a sociedade brasileira e a classe política. O pluripartidarismo deu vez à polarização, mas não de ideias e ideais, apenas de achaques à democracia e por meio das infâmias das Fake News.
Domingo próximo (30), o país vivenciará a mais dramática eleição presidencial desde a redemocratização brasileira, e isso graças às plurais manifestações de mentiras, ataques infundados às instituições democráticas e ao desejo de manutenção de status quo de determinados setores da sociedade que arquitetam a supremacia política pela sanha do discurso golpista e vassalo a arroubos de retórica de ‘ídolos’ formados pelo oportunismo eleitoral.
Tanto Lula quanto Bolsonaro devem à sociedade brasileira um plano de fuga do sensacionalismo, do fundamentalismo e da porfia após as eleições de domingo, para que não tenhamos mais episódios como o protagonizado por Jefferson ontem.
A ruptura com o discurso do ódio é a primeira conquista do próximo Presidente da República para que a sociedade tenha a sensação de paz e alívio, ao mesmo tempo em que tentará se remoldar para sobreviver aos desafios do período pós-eleitoral.
Seja Lula ou Bolsonaro o vencedor, todos nós já perdemos um pouco de nós mesmos ao acompanharmos a luta engendrada por milhares de incautos que idolatram líderes políticos como se tais tivessem o poder do Messias. Que nos unamos em prol de um projeto de nação, com diferenças, é claro, mas sem obstar a reflexão dialética baseada no pluralismo de ideias e no respeito ao divergente e ao próximo, sem o qual todos afundaremos em um infindável terceiro turno após 30 de outubro.