Fator decisivo no segundo turno das eleições deste mês, as pautas comportamentais são o gargalo na campanha petista.
Dilma Vana Rousseff provou da mesma agrura quando derrotou o ex-candidato José Serra (PSDB), em 2010, quando as eleições foram ‘empurradas’ ao segundo turno devido ao embate em torno do aborto.
Desta vez, Lula não só terá o desafio de convencer uma sociedade conservadora como a brasileira de que é contra o aborto, desmentindo a si próprio e a algumas de suas falas anteriores, como enfrentará um grande público evangélico que está, majoritariamente, engajado na campanha da reeleição de Jair Messias Bolsonaro.
Temas sensíveis, tais como identidade de gênero, descriminalização das drogas culturais, aborto dentre outros tendem a pautar a disputa deste segundo turno e com poder de eleger um dos dois postulantes ao Planalto.
Cogita-se, na campanha petista, a redação de uma carta aberta à população evangélica na tentativa de mitigar os efeitos negativos das declarações proferidas pelo candidato petista, mas dificilmente terá o efeito anestésico que se pretende.
Além do mais, a candidatura petista sofre com incômodos apoios de cada vez mais líderes evangélicos a Jair Bolsonaro, que, por si, vê sua aproximação a Lula nas pesquisas de intenção de votos mais recentes.
A Lula resta a tentativa de diminuir a vantagem bolsonarista nas regiões Sul e Sudeste, principalmente em São Paulo, e lutar para desbravar o Nordeste, ampliando sua margem de votos.
A quem confere esta luta de poucas ideais e muita munição de cada lado, resta torcer para que haja, por parte de quem vencer a eleição, o papel de pacificador de uma nação dividida entre a cruz e a espada.