Em busca de uma eventual vitória no primeiro turno das eleições de domingo, a campanha de Lula tem se esforçado pelo chamado voto útil. Todos as atenções petistas estão voltadas contra Ciro e Tebet que, segundo as mais recentes pesquisas de intenção de voto, estão, respectivamente, em terceiro e quarto lugar.
Todas as estratégias eleitorais são válidas, desde que guardadas as devidas regulamentações legais, mas a tentativa de se buscar voto pelo apelo de minimizar as eleições, de modo a mitigar desgastes futuros é, no mínimo, temerário, pois põe em xeque o conceito de cidadania plena pelo exercício livre do voto, que é intransferível, irretratável, irrevogável e indispensável à manutenção do Estado Democrático de Direito.
Votar é exercício de consciência e deve ser realizado às expensas do arbítrio de cada cidadão, livre de censura, coação e qualquer tipo de imposição. Sendo assim, resta provado que uma busca esgarçada da campanha petista pelo voto útil torna-se uma maneira sutil de imposição de mérito e, portanto, abre uma lacuna de autoritarismo e despotismo eleitoral por parte da campanha de Lula.
Destarte, Ciro e Tebet, embora não apareçam como cotados a um hipotético segundo turno em outubro, segundo levantamentos realizados por institutos de pesquisa de intenção de votos, ainda correm com suas agendas para o país, proporcionando o amplo debate democrático, reflexão crítica e pautas que prevalecem, ou, ao menos, deveriam prevalecer sobre a polarização lulobolsonarista.
Nada obsta a que um candidato se manifeste em pedido de voto, mas o Brasil padece por falta de ideias, e qualquer imposição eleitoral é uma derrota acachapante ao legítimo exercício do livre pensamento e da construção de conhecimentos em torno de uma agenda nacional de prioridades para a nação.
Que vença Lula, Bolsonaro, Ciro ou Tebet, mas que jamais se use o povo brasileiro como massa de manobra política, pois desprovido de censo e ética será o candidato ou candidata que assim se dispuser em busca da “inutilidade” do voto de cada cidadão.