Segunda-feira, 07 de Outubro de 2024

Coluna Draft: ‘Não mexa na mecha!’, por Edgar Talevi

2022-07-15 às 11:02

Para dar um charme, ela mexe nas mechas, tornando-se atraente no plural! Esse é o resultado a que chegamos quando misturamos ou juntamos palavras homófonas, ou seja, com significados completamente diferentes, assim como a escrita, mas que possuem sonoridade igual.

Mas, cuidado! Não devemos nos ‘apressar’, pois quando ‘apreçamos’ açodadamente, tudo fica desigual! Neste caso, ‘apressar’ é tornar mais rápido, enquanto ‘apreçar’ é definir preço.

‘Caçar’ palavras homófonas pode ser um belo exercício mental, desde que não passemos a ‘cassar’ o sentido do contexto. Aqui o significado de ‘caçar’ é capturar, ao passo que ‘cassar’ é invalidar, anular.

Apertem o ‘cinto’, prezados leitores, pois ‘sinto’ dizer que jamais dominaremos todo o campo da gramática, a começar por este colunista que vos escreve. Mas jamais deixarei o substantivo ‘cinto’ – acessório para as calças – confundir-se com o que ‘sinto’ – verbo sentir.

Pouco usado, mas nostálgico e simbólico, é um ‘concelho’. Isso mesmo – concelho -, que significa ‘município’. No entanto conhecemos muito bem, embora nem sempre o observemos, um ‘conselho’ – sugestão. Quer um conselho? Frutifique em seu concelho e viva melhor!

Aprender gramática pode nos ajudar a não sermos ‘tachados’ –considerados, classificados – como incautos. Entretanto, ainda que o fôssemos, seria melhor que ‘taxados’ -, no sentido de imposição de impostos. Haja fôlego!

Vejam bem a ‘cena’ – cenário – dos que lutam pelo conhecimento, pois conhecem bem quando se fala do Rio ‘Sena’, na cidade das Luzes.

Para ‘cerrar’ – fechar esta crônica, em plena sexta-feira, nada mais bem-aventurado que ‘serrar’ todo assunto polêmico e navegar pelo nosso idioma.

Opa! Mais uma para nossa coleção: ‘cerrar’ equivale a fechar, enquanto ‘serrar’ tem o sentido de cortar.

E é nesta ‘vibe’ que devemos seguir o grande ‘conselho’ de uma das maiores Divas de nossa Literatura, Clarice Lispector:
“Todo momento de achar é um perder-se a si próprio!”

Coluna Draft

por Edgar Talevi

Edgar Talevi de Oliveira é licenciado em Letras pela UEPG. Pós-graduado em Linguística, Neuropedagogia e Educação Especial. Bacharel e Mestre em Teologia. Atualmente Professor do Quadro Próprio do Magistério da Rede Pública do Paraná, na disciplina de Língua Portuguesa. Começou carreira como docente em Produção de texto e Gramática, em 2005, em diversos cursos pré-vestibulares da região, bem como possui experiência em docência no Ensino Superior em instituições privadas de Ensino de Ponta Grossa. É revisor de textos e autor do livro “Domine a Língua – o novo acordo ortográfico de um jeito simples”, em parceria com o professor Pablo Alex Laroca Gomes. Também autor do livro "Sintaxe à Vontade: crônicas sobre a Língua Portuguesa". Membro da Academia Ponta-grossense de Letras e Artes. Ao longo de sua carreira no magistério, coordenou inúmeros projetos pedagógicos, tais como Júri Simulado, Semana Literária dentre outros. Como articulista, teve seus textos publicados em jornais impressos e eletrônicos, sempre com posicionamentos relevantes e de caráter democrático, prezando pela ética, pluralidade de ideias e valores republicanos.