Sexta-feira, 26 de Julho de 2024

Coluna Draft: ‘Não! Não é Palavrão!’, por Edgar Talevi

2022-08-31 às 11:00

Um xingamento não é o esperado de um gentleman nem de uma lady, mas o que parece ser um palavrão, às vezes, engana!

Pelo som ou por não serem muito usadas no dia a dia, certas palavras podem parecer palavrões, mas não o são!

Mas basta observarmos com cuidado alguns termos para que se instalem em nós sustos e arrepios.

Comecemos por ‘abundar’. Desculpem-me, prezados leitores, pois não é nada disso de que estamos tratando! Do que é mesmo que estamos falando? Opa! Abundar…sim, significa algo que existe em grande quantidade, em abundância! Ufa! Que susto! Ex. “O que abunda, não prejudica.” Esse ditado equivale a dizer que o que houver a mais não vai prejudicar.

‘Aporrinhação’ – novas vênias, porém não é nenhuma palavra de baixo calão. Se não, vejamos: “Ação ou efeito de aporrinhar, o que aborrece, importuna.” Ex. “A aporrinhação para preparar os documentos foi tão grande que desisti do investimento.”

‘Cagaço’ – medo extremo, pavor, pânico. Ex. “Tenho cagaço de descer com o carro na banguela.”

No entanto, nada se compara a ‘Imputar’ – entretanto, nenhuma equivocidade deste colunista se encontra neste termo também, haja vista não ser nenhum xingamento. Vejamos: o significado é o de responsabilizar ou culpar outra pessoa por alguma coisa. Ex. “Imputar a alguém um fato ofensivo à sua reputação caracteriza crime de difamação.”

Ah, mas ainda não são palavras tão “onerosas”. Então, sigamos: ‘Pintoso’ – que tem boa pinta, boa aparência. Ex. “Darei dicas para ser um homem pintoso.”

‘Putativo’ – o que é suposto; que se atribui hipoteticamente a algo ou alguém. Ex. “Ele foi absolvido por legítima defesa putativa.”

E, nós, no país da gramática, diante de tantos arroubos de escrita e retórica, saímos ilesos mais uma vez.

“Se escrever é arte, a Língua Portuguesa só pode ser um Ofício!” (Luana Cruz).

Coluna Draft

por Edgar Talevi

Edgar Talevi de Oliveira é licenciado em Letras pela UEPG. Pós-graduado em Linguística, Neuropedagogia e Educação Especial. Bacharel e Mestre em Teologia. Atualmente Professor do Quadro Próprio do Magistério da Rede Pública do Paraná, na disciplina de Língua Portuguesa. Começou carreira como docente em Produção de texto e Gramática, em 2005, em diversos cursos pré-vestibulares da região, bem como possui experiência em docência no Ensino Superior em instituições privadas de Ensino de Ponta Grossa. É revisor de textos e autor do livro “Domine a Língua – o novo acordo ortográfico de um jeito simples”, em parceria com o professor Pablo Alex Laroca Gomes. Também autor do livro "Sintaxe à Vontade: crônicas sobre a Língua Portuguesa". Membro da Academia Ponta-grossense de Letras e Artes. Ao longo de sua carreira no magistério, coordenou inúmeros projetos pedagógicos, tais como Júri Simulado, Semana Literária dentre outros. Como articulista, teve seus textos publicados em jornais impressos e eletrônicos, sempre com posicionamentos relevantes e de caráter democrático, prezando pela ética, pluralidade de ideias e valores republicanos.