“O corpo Sua, o Sino Soa!”
Quando suo, parte de mim é trabalho, outra parte é inspiração. Porém ambas são território de diligência. Mas quando soo alguma coisa ao vento, imediatamente guardo bem as palavras para, então, lançá-las aos meus eminentes leitores e leitoras de toda segunda, quarta e sexta.
Saber usar bem a língua é trabalho, não mera inspiração, como diria João Cabral de Melo Neto. Com ele concorda William Faulkner, quando afirma que sempre está inspirado às 09h da manhã, o que demonstra disciplina. Isso faz parte de quem quer ultrapassar a barreira do simplismo e superficialidade.
Notem, prezados(as) leitores(as) que usei, propositadamente, dois verbos nos parágrafos iniciais: SUAR e SOAR. Sim, porque ambos geram dúvidas. Vamos a elas: Suar vem de transpiração e flexiona-se diferentemente do verbo soar, que tem origem em som, sonido.
Sendo assim, o corpo sua, mas o sino soa. Se houver troca nos vocábulos, certamente o sentido nos levará a mundos inexplorados e perigosos.
No entanto, em uma breve digressão, apresento mais um verbo que “soa” como pegadinha, pois de difícil flexão: POLIR. Isso mesmo. Pensemos: de que modo ficaria o verbo polir, na primeira pessoa do Presente do Indicativo? Eu… erra quem pensa que é: Eu polo!!! O correto é: Eu PULO. E segue: Tu Pules, Ele Pule etc. Quanta barbaridade! Mas é tudo verdade!
E quanto ao verbo INTERVIR? De que modo poderíamos flexioná-lo na terceira pessoa do Pretérito Perfeito do Indicativo? Ele… Acertou quem disse: Ele Interveio, não Interviu! Cuidado! Esse é um dos maiores equívocos que encontro em minhas jornadas de revisor textual.
Mas, esperem aí! Digam-me a respeito do verbo ADERIR! Como usá-lo na primeira pessoa do Presente do Indicativo? Eu Adiro! Esta é a forma correta!
Não paremos por aqui. Vamos mais… e o que dizer do verbo ABOLIR? Como dizê-lo na primeira pessoa do Presente do Indicativo? Bem, aqui são outros quinhentos! Não há uma forma de flexão para tal verbo na pessoa indicada.
Trata-se de um verbo “defectivo”. Podemos usá-lo somente a partir da segunda pessoa do singular: Tu Aboles!
Assim é a nossa Língua Portuguesa; cheia de encantos e veredas que nos levam a criar e recriar nossa linguagem a cada dia, a cada espaço no papel.
Encerro a crônica desta sexta-feira com uma frase colhida de um belíssimo boletim informativo de uma egrégia Igreja de nossa cidade Princesina, a Presbiteriana Hebrom, pastoreada pelo exímio Teólogo e Reverendo Waldo Vargas, que delega ao grandioso publicitário Cezar Augusto Ribeiro, a Arte de publicar textos verdadeiramente inspirados no supracitado boletim. Pois, então, é desta fonte que beberemos neste epílogo:
“O humor é o início da fé, e o riso, o começo da oração.” (Reinhold Niebuhr).