Sexta-feira, 19 de Abril de 2024

Coluna Draft: ‘Viva o Gordo!’, por Edgar Talevi

2022-08-08 às 11:06
Foto: Divulgação

O mundo amanheceu mais triste semana passada! Morreu Jô Soares! Dono de um humor sapiencial, irreverente, douto e cômico ao mesmo tempo, soube dosar ironia com crítica e acidez com doçura. Ficamos órfãos de uma das mentes mais brilhantes da dramaturgia e televisão brasileira.

Não tinha medo da morte conforme ele mesmo atestou, mas não queria ficar improdutivo. Não ficou! Provocou risos e contrapontos até seus últimos dias.

Foi adepto do politicamente incorreto, segundo entrevista concedida a Marcelo Tas, no Programa PROVOCA: “Nunca pensei que pudesse julgar de outra forma o humor: ou é engraçado ou não é. É só isso. Mau gosto é uma coisa que se aplica à moda.” Jô Soares foi politicamente perspicaz e corretamente político.

Riu de si mesmo com personagens caricatas, tais como a “rata de academia” Ciça, que se achava mais em forma e sexy do que a magérrima Cláudia Raia. Jô Soares era intrigantemente espirituoso e ferozmente indômito.

Escreveu sobre política quando questionou o então Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, quando redigiu carta aberta ao falar sobre partidos de esquerda dentre outros assuntos. Jô sempre soube ser um espectro fenomenológico de talento afrodisíaco.

Inafiançavelmente veloz em sua ironia, irrepreensivelmente bravo em sua inteligência, inexoravelmente ligeiro em suas piadas sempre bem aplicadas Jô Soares deixa um legado de saudades a uma geração acostumada a perdas irreparáveis.

Nossas madrugadas há tempos não eram mais as mesmas! Mas o mundo se torna mais vazio sem você, querido Jô Soares!

Um beijo de todos nós a você e – Viva o Gordo!

“Quem crê em mim, ainda que morra, viverá!” (Mateus 11:25)

Coluna Draft

por Edgar Talevi

Edgar Talevi de Oliveira é licenciado em Letras pela UEPG. Pós-graduado em Linguística, Neuropedagogia e Educação Especial. Bacharel e Mestre em Teologia. Atualmente Professor do Quadro Próprio do Magistério da Rede Pública do Paraná, na disciplina de Língua Portuguesa. Começou carreira como docente em Produção de texto e Gramática, em 2005, em diversos cursos pré-vestibulares da região, bem como possui experiência em docência no Ensino Superior em instituições privadas de Ensino de Ponta Grossa. É revisor de textos e autor do livro “Domine a Língua – o novo acordo ortográfico de um jeito simples”, em parceria com o professor Pablo Alex Laroca Gomes. Também autor do livro "Sintaxe à Vontade: crônicas sobre a Língua Portuguesa". Membro da Academia Ponta-grossense de Letras e Artes. Ao longo de sua carreira no magistério, coordenou inúmeros projetos pedagógicos, tais como Júri Simulado, Semana Literária dentre outros. Como articulista, teve seus textos publicados em jornais impressos e eletrônicos, sempre com posicionamentos relevantes e de caráter democrático, prezando pela ética, pluralidade de ideias e valores republicanos.