Terça-feira, 23 de Abril de 2024

Artigo: “O florescer da esperança”, por Francielly da Rosa

2021-09-05 às 08:37

O florescer da esperança

O céu azul revestia-se de uma grinalda de nuvens que se enfileiravam por toda sua extensão. O sol, em todo seu esplendor, brilhava como em nenhum outro dia havia feito. Era hora de receber a primeira dose da tão esperada vacina da COVID-19. A pandemia que assolou o mundo desde o ano de 2019 cobriu os dias com seu manto cinzento, fez das ruas e praças solidão necessária; era o mundo pedindo um tempo. Ansiou-se pelo sol que nos trouxesse esperança e, chegado o dia, o astro rei iluminou o céu majestosamente. Da janela do carro admirava a vista , as pessoas,  aos poucos retomando suas vidas, os raios de esperança, enfim chegavam para desfazer as cinzas da angústia.

No caminho até o local de vacinação tive o privilégio de passar pela Avenida Visconde de Mauá, coroada pelos belíssimos ipês amarelos que lhe compõem. Que paisagem deslumbrante! Até mesmo o mais experiente poeta ficaria atônito diante de tamanha beleza. Recordei-me da infância, do  florido quintal da casa de meus avôs, da inocência infantil quando arrancávamos uma florzinha para enfeitar nossos cabelos despenteados. Eram tempos doces, tempos de criança despreocupada, enérgica e ansiosa por um futuro repleto de novidades.

Fui tomada por este sentimento nostálgico e, naquele instante, soube o que fazer; emprestei, de Machado de Assis, a pena, com a qual escreveu tantas crônicas memoráveis,  e eu, mera aprendiz, pretendi mentalmente escrever sobre aquela paisagem “ic(r)ônica” – permita-me a licença poética.

Ao longe as árvores floridas formavam um imenso tapete amarelo, digno de desfile, tapete feito para passos leves, para ser apreciado com calma, leveza e gentileza. Os ipês, tais quais crianças sorridentes, eram agitados pelo vento que assoviava melodia de paz, prevendo a chegada de novos dias, dias coloridos.

Por este caminho segui sentindo-me acalentada pela brisa e agraciada pelas incontáveis flores que dançavam parecendo nos aplaudir. Eram aplausos em comemoração a essa conquista. A cidade vibrava confiança, chegavam os ventos da mudança, num piscar já era setembro e, em breve, chegaria a primavera. Enfim a população veria a vida florescer, através de pequenas sementes depositadas no braço de cada um que aceitou recebê-las, sementes que vêm germinar esperança na nova estação que se inicia.

Francielly da Rosa é acadêmica do curso de Letras Português/Inglês na UEPG.

Coluna Lettera

por Francielly da Rosa

Francielly da Rosa é graduada em Letras Português e Inglês pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Atualmente, é mestranda do Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem, com ênfase em estudos literários, também na UEPG. Ela é escritora, cronista e coautora do livro "Crônicas dos Campos Gerais". Descobre, entre as palavras que lê e escreve, a motivação que sustenta seu viver. Escreve crônicas, contos, poesias e, às vezes, se aventura no gênero romance. Além disso, participa de projetos de incentivo à leitura e de outras atividades culturais. Possui diversas crônicas premiadas e publicadas em jornais e sites locais. Em virtude de seu trabalho como escritora, recebeu duas moções de aplauso da Câmara Municipal de Ponta Grossa. Também foi premiada no Festival Literário de São Caetano do Sul, na categoria miniconto, sendo a única representante da cidade de Ponta Grossa.