Há quem diga que não existe amor verdadeiro, mas discordo! Hoje mesmo vi o amor, enquanto caminhava pelo parque, após longos dias na reclusão do lar. Saí de casa para comprar algumas coisas, e, quando passei pelo parque, vi um rapaz sentado na grama verdejante, jogando pequenas migalhas aos pássaros. Do outro lado, garotas conversavam, sorridentes, havia também um grupo de meninos perambulando por ali, e um deles correu para auxiliar uma senhora a atravessar a rua movimentada.
A paisagem era deslumbrante, um verdadeiro colírio aos olhos, o céu parecia mais azul, as nuvens mais alvas e os pássaros chilreavam. Em minha caminhada o sol ardente pouco importava, diminui os passos e, com admiração, contemplei a feição de cada personagem desconhecido daquela cena; como quem descobre o mundo pela primeira vez, vi que ali existia amor verdadeiro!
Ouso dizer que desconhecemos o que é o amor! Esta é a razão pela qual nos submetemos a relacionamentos desastrosos, aceitamos migalhas afetivas, e até mesmo esbravejamos dizendo que o amor não existe.
Frequentemente, relacionamos a palavra a atos carnais, ao desejo de possuir, objetificando a coisa amada. O amor de verdade não se compra com presentes, com intentos de satisfazer-lhe os prazeres, e muito longe está das palavras ditas e escritas: “TE AMO!” Por fim, amamos as pessoas ou o sentimento que experimentamos quando estamos com elas?
A forma como descrevemos e empregamos a palavra amor é extremamente genérica e banal, e talvez metade das pessoas que dizem amar não amam realmente. O amor existe desde os primórdios da humanidade, e, mesmo assim, ainda é mal interpretado e incompreendido.
Penso que o amor está nos pequenos atos diários quando ajudamos uns aos outros, nos sorrisos sinceros, nos abraços saudosos, ele está em nós e a nossa volta, em tudo o que vemos, pois, somos feitos do extremo amor divino. Posso vê-lo no desabrochar primaveril das flores, no céu azul e nas gotas de chuva que matam a sede das plantas, nos sorrisos das crianças que brincam e compartilham seus brinquedos, no conselho de mãe, e no jovem que auxilia a senhora com sacolas de compras. Também o vejo na mão amiga que um desconhecido oferece a um moribundo, no prato de sopa que mata a fome dos desabrigados, e em tantas outras coisas que faltariam linhas para descrevê-lo! É preciso abrir os olhos do coração para enxergar que o amor está muito além de nossa vaga compreensão… O amor está em todos os cantos!