O cavalo seguia extenuado, suportando os caminhos tortuosos pelos quais passava o tropeiro desbravando os campos. Então, cansados, cavalo e tropeiro, repousavam à beira da estrada. A rota, que nasceu pela necessidade de abastecimento das colônias, ficou, mais tarde, conhecida como “Caminho das tropas”, sendo responsável pelo início do povoamento de muitas cidades, antes freguesias, dentre elas nossa querida Princesa dos Campos: cidade de Ponta Grossa.
Volto-me especificamente a ela, já que, no dia 15 de setembro, esta menina exuberante completa 198 anos! Percorro as ruas pensando em sua formação, vislumbrando o progresso que percorreu seus campos desde então. Contemplo as construções, os jovens prédios disputando olhares com construções históricas, patrimônios culturais, que compõem nosso cenário. Ali a modernidade se cala para espreitar o pretérito perfeito. E se me perguntam a razão para tal devaneio, tenho pronta resposta: acredito que aquele que conhece sua história, seu passado, aprende muito sobre si mesmo.
É de conhecimento comum que a chegada das linhas férreas foi fator fundamental para o desenvolvimento econômico da cidade e, para além disso, também contribuiu para a construção de uma cultura riquíssima e diversa, por meio dos imigrantes que aqui se instalaram. Passo pela Estação Saudade e penso em quantas pessoas tiveram o privilégio de embarcar no trem que ali parava. Imagino a emoção, para a população da época, de contemplar a chegada das estradas de ferro; era o som do progresso.
Em meio a tantas mudanças, vivemos hoje na cidade que foi pensada outrora. Somos parte de sua cultura e história, eis a razão pela qual exalto seu progresso em comemoração a tão nobre data que é a de seu aniversário.
Todos estes pensamentos, que me entrecortavam a realidade, fervilhavam em minha mente, à medida que passava pela Avenida Vicente Machado. Relembrei também uma fotografia antiga da avenida, que vi, certa vez, num álbum de família. Mentalmente estavam lá, fotografia e realidade, passado e presente, dividindo o mesmo espaço, porém, de formas tão diferentes. Imagino a cidade do futuro, que não conhecerei, o que hoje é progresso aos meus olhos, amanhã será tímido passado.
Pensar sobre isso é abrir a cápsula do tempo da Princesa e, assim, viajar e transcender os tempos, reviver imagens, lugares, descortinar e descobrir nossas raízes em um mundo preto e branco. Hoje, construo minha própria cápsula do tempo, e sonho, pois, um dia, serei mera poeira do passado, em um futuro repleto de surpresas.
Francielly da Rosa é acadêmica do curso de Letras Português/Inglês na UEPG.