Texto de autoria de Aline Sviatowski, estudante, Ponta Grossa. Produzido no âmbito do projeto Crônica dos Campos Gerais, da Academia de Letras dos Campos Gerais (https://cronicascamposgerais.blogspot.com/).
O PÃO COM MOLHO DO REGENTE
Durante o intervalo entre aulas, as correntes invisíveis de ar dançavam na atmosfera do estabelecimento rosado.
Nessa dança, o enfeitiçado aroma agitava as moedas no bolso, os movimentos peristálticos e as células olfativas. Sistema nervoso simpático enviava estímulos hormonais poderosos ao resto do organismo.
Tão poderosos a ponto de fazer o menino dos anos 70 salivar com a lembrança, cinquenta anos depois.
O aroma dançante de tomate, cebola, alho e especiarias secretas invadia os corredores, as janelas e o pátio. Era o famoso e potencialmente delicioso pão com molho. Potencialmente, porque o menino somente conviveu com os perfumes daquele tradicional lanche de colégio. Obviamente, por motivos econômicos.
O perfume do molho, porém, subsiste em sua memória. Há, ainda, boatos que envolvem a sua criação e existência. Nada confirmado, claramente. Um desses boatos instiga que o molho era tão saboroso e tão perfumado, que se impregnava nas paredes do colégio, fazendo-as com essa coloração ─ cor de molho derramado.
Se a coloração desse memorável estabelecimento possui essa origem, não há confirmações. Mas que deixou as lembranças daqueles dias com esse tom, não faltam depoimentos.