Terça-feira, 21 de Maio de 2024

D’P 360: Imóveis da Rua XV não devem ser tombados após rejeição do Conselho; Entenda o motivo

2020-03-10 às 15:03

Confira a imagem D’P 360 no final da reportagem

A Rua XV de Novembro faz parte da história e da identidade de Ponta Grossa. Para preservar essa memória, a Fundação Municipal de Cultura propôs o tombamento conjunto arquitetônico composto por diversos imóveis localizados na região. O projeto foi discutido pelo departamento de Patrimônio Histórico em sessão pública, mas não foi aprovado. A decisão é irreversível e o poder municipal não pode solicitar que o projeto seja analisado novamente ou encaminhar a proposta para uma nova votação.

“Não existe recurso que o município possa utilizar para que o projeto vá para votação novamente. Daí a gravidade da decisão”, afirma Alberto Portugal, diretor do departamento. De acordo com Alberto, a única exceção é se algum proprietário pedir o tombamento do próprio imóvel. “Nesse caso, um único imóvel seria tombando e isolado ele não tem a mesma representatividade. O projeto envolvendo todo o conjunto arquitetônico, o município não pode mais propor”, complementa.

“Na verdade, nós temos uma lei muito frágil e partimos de uma possibilidade mínima de votos”, alfineta. A legislação em vigor prevê que o tombamento precisa ser aprovado por 70% dos conselheiros. Das 21 cadeiras existentes, três estão vagas. Além disso, durante a sessão, houve dois votos negativos e dois conselheiros que optaram por não estarem presentes. Para que o processo fosse aprovado eram necessários 15 votos favoráveis.

Perda para a cidade 

Para o diretor, a decisão é uma enorme perda para a identidade de Ponta Grossa. “No futuro, a gente vai perceber o quão importante seria ter preservado. A Rua XV de Novembro é uma referência para a população ponta-grossense pelas suas características arquitetônicas e a sua importância na paisagem urbana”, enfatiza. Ele alerta que os imóveis correm o risco de desaparecer. “É uma área de especulação imobiliária gigantesca, com vários imóveis ociosos e terrenos baldios, mas ainda existe a mentalidade que tombar imóveis é impedir desenvolvimento da cidade”, lamenta. 

Equilíbrio entre preservação e desenvolvimento

O conselheiro David Wagner foi contrário ao projeto de tombamento e pede cautela para encontrar um equilíbrio entre a preservação do patrimônio histórico e o desenvolvimento econômico. “Eu acredito na conservação de imóveis históricos aliado ao crescimento econômico das cidades. O tombamento divide opiniões até mesmo dentro das entidades que os conselheiros representam”, nota. Ele comenta que a Rua XV de Novembro apresenta vocação principalmente para o comércio e prestação de serviços, que podem ser afetados com as regras mais rígidas aplicadas ao imóveis tombados. “Para que os imóveis possam atender às necessidades do setor comercial, são necessárias adequações nas fachadas, modernizações como vitrines e facilitações de acesso, que poderiam ser restritas com o tombamento”, lembra. David cita que Ponta Grossa possui diversos exemplos de imóveis que foram modernizados, estão preservados e não serão demolidos. “Portanto, meu voto foi pensando nos estabelecimentos que possam gerar mais empregos, possibilitando o aumentando do poder financeiro das famílias”, enfatiza. 

A reportagem do D’Ponta News também procurou o conselheiro Edison Gois, que não esteve presente no dia da votação, mas ele preferiu não se manifestar sobre o assunto.

Rua XV de Novembro

A Rua XV de Novembro foi palco de importantes eventos políticos e sociais na história de Ponta Grossa e faz parte da paisagem, memória e identidade local. O projeto apresentado pela Fundação Municipal de Cultura contemplava o tombamento cinco imóveis construídos no estilo Art-Decó, característico dos anos 1920, que ficam no lado direito, entre as ruas Santana e Augusto Ribas. 

Confira imagens da Rua XV de Novembro na #DP360:

#DP360 Rua XV de Novembro

Posted by D'Ponta News on Tuesday, March 10, 2020