Uma das bandas mais prestigiadas de Ponta Grossa, a Cadillac Dinossauros entrou em hiato.
E, agora, para onde vão os músicos do grupo?
Por Enrique Bayer
“Se a linha subiu e desceu e Deus escreveu, ainda tô no caminho.” Na música “Fora do Trilho”, do álbum “Fome” (2015), David, Hugo e Billy resumem bem o sentimento de que, não importa o caminho que se tome, a vida continua. E foi o que aconteceu com a Cadillac Dinossauros. Após 16 anos de carreira, uma das bandas mais adoradas de Ponta Grossa chegou ao fim. Ou, pelo menos, não vai mais tocar junto por um tempo.
A razão da separação é simples (e, na visão dos integrantes, natural), mas deixa os fãs tristes: David Barros e Billy Joy, vocalista/guitarrista e baterista respectivamente, vão morar fora do país. No caso de David, por três anos.
Para Hugo Alex, baixista da banda, a Cadillac “existirá para sempre”. “Está aí para quem quiser ouvir, assistir, curtir”, aponta.
Com cinco discos e muita história para contar, a Cadillac estava em um “momento um pouco mais tranquilo”, segundo David. “Cada um estudando e exercendo outras atividades e com outras prioridades além da banda”, explica. No entanto, ele diz que “não descartamos a possibilidade de voltarmos a tocar juntos no futuro, e isso provavelmente vai acontecer.”
Coração partido
Em 16 anos, a Cadillac Dinossauros teve momentos de destaque no cenário nacional da música independente. Nesse período, venceu o Festival de Bandas Independentes e o DMX New Talent, no Rio de Janeiro (RJ). Além disso, participou de festivais como Psicodália (SC), Morrostock (RS), Paraíso do Rock (PR) e Aldeia Rock Festival (RJ).
Olhando para trás, David aponta que estão todos de “coração partido”. “Foi dedicação total mesmo, em tempo integral”, avalia. Para ele, a Cadillac pode ter sido um sucesso para quem realmente ouve e aprecia o grupo, mas não em “perspectiva geral”.
Na visão do músico, o sucesso atualmente está ligado à criação constante de conteúdo e com a Cadillac nunca foi assim. “O nosso conteúdo são os nossos discos, os nossos riffs, as nossas letras, os nossos videoclipes e os nossos shows. Para o bem ou para o mal, não somos da geração Tik Tok”, afirma.
Novos trilhos
Agora, com os trilhos da Cadillac levando para direções diferentes, David tentará a sorte nos Estados Unidos. “Se a vida de músico lá não for tão dura quanto aqui, a ideia é tocar e produzir algo autoral lá também”, observa.
Billy seguirá carreira no turismo, sua área de formação acadêmica, trabalhando com pesquisa na West Virgínia University, também na terra do Tio Sam.
E Hugo afirma que vendeu os instrumentos. “Comprei um carrinho de lanche. Logo estarei vendendo um delicioso sanduíche por aí.”
Conteúdo publicado originalmente na Revista D’Ponta #291 Agosto de 2022.