Artistas, agentes culturais, produtores, técnicos e trabalhadores da cultura de Ponta Grossa começaram a receber nesta semana os recursos provenientes da Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural. Ponta Grossa é uma das primeiras cidades do Paraná a iniciar os pagamentos, que chegarão a R$ 2,2 milhões, provenientes do Fundo Nacional de Cultura, do Ministério do Turismo. Ao todo, cerca de 1.500 pessoas estão sendo beneficiadas, direta ou indiretamente.
“O trabalho realizado aqui pela Fundação de Cultura se tornou exemplo para outras cidades paranaenses pela celeridade e responsabilidade técnica. Adquirimos a experiência necessária neste grande desafio principalmente por conta do nosso histórico com os editais do Fundo Municipal de Cultura, que fortalecemos e padronizamos nos últimos anos juntamente com o Conselho”, explica o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Fernando Durante.
Segundo ele, o Conselho Municipal de Política Cultural, a Procuradoria Geral do Município (PGM), a Secretaria da Fazenda, o Departamento de Contabilidade e o Departamento de Compras (Decom) tiveram papel fundamental neste processo. “Agradeço, em nome do Município, o trabalho exemplar e incansável dos conselheiros e dos servidores municipais, que não mediram esforços e tempo para debater e tomar as decisões referentes à Lei Aldir Blanc”, completa.
Foram premiados 65 mestres populares (como violeiros, benzedeiras, artistas circenses, entre outros), 2 povos tradicionais, 46 grupos e projetos culturais e 250 produções artísticas em vídeo, áudio e texto. “Ao longo do processo conseguimos remanejar os recursos de acordo com a demanda. Com isso, passamos de 116 para 250 prêmios para produções, por exemplo, ampliando significativamente o número de artistas beneficiados”, conta Durante.
Auxílio ao setor cultural
Os prêmios dos editais de fomento alcançaram as mais diversas áreas e segmentos culturais. Sueli Aparecida Schuweiger é musicista e compositora há 33 anos. Com o recurso que recebeu ela pretende quitar suas contas e guardar uma parte para gravar um CD no futuro. Ela, que também é diarista, está sem trabalhar desde março. “Como parou tudo, a área das artes foi muito prejudicada. Com esse prêmio temos a certeza que temos importância para o município da gente, independente da área cultural e de onde viemos. É uma forma de inspirar outros talentos também”, conta.
“A cidade de Ponta Grossa respira cultura, sob tantos olhares diferentes. O auxílio emergencial da Lei Aldir Blanc trouxe um alento para este momento tão difícil de pandemia. E vejo que a Fundação de Cultura foi um importante catalisador para que isso acontecesse”, opina a escritora Dione Navarro.
Atuando como benzedeira há 32 anos, Eliana Padilha Tangerino também foi contemplada no Prêmio de Reconhecimento à Trajetória de Mestres Populares. “Uma parte desse recurso vai ser utilizado para nossa ação social, ajudando a manter e melhorar nossos atendimentos em prol dos necessitados”, revela. Já para o gaiteiro Izaltino Andrade de Mello, que toca há 66 anos em Ponta Grossa, o prêmio “é um reconhecimento pelo trabalho musical da gente ao longo de todos esses anos”.
Para a jovem atriz Mariana Boá, a Lei Aldir Blanc é mais do que uma lei de auxílio e incentivo, é um reconhecimento à classe artística brasileira. “Mas apenas a lei federal não garante que a verba chegue às mãos certas sem extrema organização. Nesse cenário, a Fundação de Cultura de Ponta Grossa mostrou-se virtuosa, abrindo editais, selecionando projetos e distribuindo o recurso de maneira justa, organizada e eficaz”, diz. Segundo ela, a Fundação teve uma ação rápida e categórica. “Foi uma demonstração de empatia dos administradores para com as necessidades dos artistas em nossa cidade. Ficamos orgulhosos ao saber que a administração é tão humana, percebendo as necessidades e mostrando-se aberta ao diálogo”, completa.