A casa do do ex-prefeito de Ponta Grossa, Eurico Batista Rosas, localizada no centro da cidade, na esquina das ruas Coronel Bittencourt e Comendador Miró, está gerando discussão nas redes sociais. A propriedade, que é privada, deve ser demolida para a instalação de um novo empreendimento no local, fato que incomodou algumas pessoas que acreditam que o imóvel deva ser preservado, já que tem uma ligação histórica com o município.
Luiz Carlos Kloster, empresário do ramo de informática e defensor de tombamentos e preservações de locais históricos do município, fez uma publicação em um grupo do Facebook, intitulado de ‘Preserva Ponta Grossa’, pedindo que a população lute pelo local. “Demonstrem sua insatisfação com o pouco caso pela história da nossa cidade”, escreve. Ele ainda relata pensar nas próximas gerações, que não conhecerão o local. “Estamos vivenciando algo que nossos filhos, netos e bisnetos vão nos cobrar, em vida ou não. Estamos aceitando a destruição da história atual, a qual não será conhecida por eles. A casa tem muita história”, coloca.
Embora o empresário seja favorável à preservação da casa, ele afirma que mesmo com o tombamento não há uma garantia de manutenção do local, visto que poucos imóveis tombados seguem preservados. “Entendo que, financeiramente, o tombamento é uma punição aos proprietários de imóveis. São poucos que conseguem garantir a preservação do bem tombado”, descreve.
Kloster ainda pede que outros mecanismos sejam propostos para melhor atender os imóveis já tombados e esclarece que embora seja a favor do patrimônio histórico, jamais seria contra o desenvolvimento da cidade. “A ideia é preservar, mas precisamos de outros mecanismos para melhor atender esses imóveis tombados com relação aos valores gastos na sua manutenção. E que fique claro que jamais seremos contra o crescimento e desenvolvimento da nossa cidade”, complementa.
Casa não é tombada e nem inventariada
De acordo com diretor do Departamento de Patrimônio Cultural da Fundação Municipal de Cultura de Ponta Grossa, Alberto Portugal, não há nada que possa ser feito pela Fundação ou pelo Departamento para impedir a demolição da casa, uma vez que o local não é inventariado (documento que sinaliza o interesse de preservação) e nem tombado. “Aquela casa não é tombada. Então, ela foge da nossa do interesse de preservação do município. Não foi sugerida de ser inventariada, nem de ser tombada. O departamento de patrimônio não tem como agir agora nessa decisão”, argumenta.
Portugal ainda opina como arquiteto profissional dizendo que a arquitetura da casa não é de fato relevante para ser tombado. “Eu como arquiteto posso falar que ela tem uma arquitetura que não apresenta muita relevância, porque são vários critérios para que um imóvel possa ser tombado. Ele tem que ter importância, história ou relevância arquitetônica. São critérios que o conselho faz uma análise para definir se deve ser de interesse de preservação. E esse imóvel não passou pelo conselho”, relata.
No entanto, o diretor acredita ser positivo que a população discuta sobre as questões patrimoniais e que também reflitam sobre outros locais de interesse histórico. “É bacana que a população discuta. Porém, isso vai além da questão estética, não basta só ser bonita a casa. Há outros requisitos para um tombamento”, conclui.
Foto: Reprodução/Facebook – Preserva Ponta Grossa