O monumento instalado em 2000 às margens da BR 277, em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, para homenagear o sem-terra Antônio Tavares, morto em confronto com a polícia, pode ser obrigado a mudar de endereço. A empresa que cedeu o espaço em comodato quer dar novo uso ao terreno. O caso virou polêmica e vem ganhando repercussão internacional.
A cada cinco anos a empresa Postepar Indústria de Artefatos de Concreto Paraná Ltda vinha renovando o comodato para permanência do monumento no local. Agora, no entanto, os planos são outros. “O monumento tem acarretado restrição ao uso da propriedade privada”, diz o advogado da Postepar, Antonio Pedro Taschner Jr. Segundo ele, a empresa pretende ampliar o estacionamento de caminhões e necessitará da área hoje ocupada. Taschner informa ainda que, caso a decisão seja pela manutenção do monumento no local, irá recorrer judicialmente.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em conjunto com as organizações sociais Terra de Direitos e Justiça Global, não aceita o despejo. A polêmica extrapolou as fronteiras e foi parar na Corte Interamericana de Direitos Humanos que determinou, em junho último, em decisão cautelar, que o Estado brasileiro proteja o monumento em memória à luta pela reforma agrária e ao trabalhador Antônio Tavares Pereira, que morreu baleado no local, em 2 de maio de 2.000, em confronto com a Polícia Militar do Paraná. À época, o secretário de Segurança José Tavares (morto em 22 de junho último) enviou a tropa de choque para bloquear o caminho de um comboio de 50 ônibus de sem-terra até Curitiba, a partir de informações de que havia plano de invasão de prédios públicos na capital.