O saxofonista ponta-grossense, Nicolas Salazar, relembra do dia em que emprestou seu saxofone para o Kamasi Washington, um dos grandes nomes do jazz mundial, dar uma ‘palinha’ após um show realizado no Ópera de Arame, em Curitiba, no dia 24 de março de 2019.

Naquela ocasião, o saxofonista americano estava realizando a turnê ‘Heaven and Earth Tour’, inédita no Brasil, com produção da Goat Entertainment. Nicolas relembra que a banda ‘Central Sistema de Som’, que ele é integrante, fez o encerramento do show do Kamasi.

“Após o encerramento do show, todas as pessoas que estavam trabalhando no evento foram convidadas para ir ao Bob n Wine, que era um bar do pessoal da produtora que organizou o evento. Nesse bar tinha um palco montado e os músicos da banda do Kamasi foram dando ‘canja’, porém ele havia deixado o seu saxofone no hotel”, afirma. “O meu amigo e integrante da Central, Gui Miúdo, falou que o Kamasi precisava de um saxofone para dar uma ‘canja’ e obviamente eu emprestei o meu. Ele tocou com o meu instrumento e foi muito legal, porque trocamos várias ideias depois e permanecemos no local até amanhecer comendo pizza e conversando sobre música”, recorda.

Ele aponta que não teve como não se emocionar em ver um dos grandes nomes do jazz tocando com o seu instrumento. “Eu fiquei muito emocionado e foi um momento que ficou guardado na minha memória. Foi uma honra ver um cara que sou muito fã dar uma ‘canja’ com o meu instrumento. Com certeza isso valorizou o passe do saxofone”, brinca.

O amigo dos integrantes da Central, José Tramontin, pontua que estar presente nesse momento foi algo único. “Todos que estavam presentes tiveram contato direto com a banda do Kamasi e com ele. Nós trocamos ideias e pudemos acompanhar de perto eles dando uma ‘canja’ no palco, então foi um momento único”, ressalta. “Ver ele no palco com o saxofone do meu amigo foi uma das cenas, envolvendo música, mais bonitas que eu já vi. Eu olhei para o lado e vi meu amigo chorando vendo aquela cena e acabei me emocionando também, porque sabemos o tamanho que o Kamasi Washington tem para a música mundial”, acrescenta.

O Gui Miúdo relembra que quando o Nicolas montou o saxofone no ‘after’, o Kamasi observou de longe e se aproximou. “Ele começou a conversar com ele e se interessou pelo instrumento, porque o saxofone do Nicolas não é um instrumento tão comum e possui uma procedência de alta qualidade. Deu pra ver que o Kamasi ficou interessado, então ele continuou conversando e perguntou se poderia tocar”, relembra. “Foi muito legal que na hora que ele começou a tocar entrou a banda dele inteira e rolou aquela jam maluca. Então ele ficou tocando por um longo tempo e a conversa após o jam também foi longa”, complementa.

Confira o vídeo em que a Gioconda Bobato registrou o Kamasi Washington dando uma ‘palinha’ com o saxofone de Nicolas Salazar:

Saxofone furtado e recuperado

Na madrugada do dia 4 de abril, o carro do Nicolas foi arrombado, na Rua Penteado de Almeida, e o seu saxofone, computador e uma flauta foram furtados. Na mesma madrugada, o músico fez um boletim de ocorrência e, na manhã do dia 5 de abril, a Polícia Militar recuperou o seu saxofone e o computador. O saxofonista pontua que amigos e pessoas que acompanham seu trabalho realizaram uma ‘vaquinha’ para que ele conseguisse comprar uma flauta nova.

“Eu falei para o Nicolas que ele vai morrer abraçado com esse saxofone, porque depois de toda a história que envolveu esse instrumento ele foi furtado e recuperado. Eu não tenho dúvida que o Kamasi ter tocado com esse saxofone colaborou energeticamente para ele voltar para as mãos dele”, finaliza Gui Miúdo.