Em tardes de domingos alternados, o Coliseu, ao lado do Centro Esportivo para Pessoas com Deficiência Jamal Farjallah Bazzi, na Rua Ermelino de Leão, torna-se palco de uma vibrante efervescência cultural. Poetas e rimadores ocupam o espaço em batalhas intensas de slam, num ambiente onde a expressão livre e inclusiva ganha protagonismo. À frente desse movimento está o coletivo Conceição, liderado por um grupo diverso que inclui Mavi Rosa da Silva Ferreira e Beatriz Ferreira Kovaleski, conhecida como Triz.
Criado com o propósito de desafiar estruturas tradicionais e dar voz especialmente a mulheres, LGBTQIAP+ e minorias, o Movimento Conceição rapidamente consolidou-se como referência cultural e espaço de resistência na cidade. “Sempre buscamos criar um ambiente acolhedor, onde cada voz seja valorizada. O slam é nossa ferramenta de expressão e resistência”, resume Mavi Rosa.
O slam, gênero de batalha poética competitiva, atrai público e artistas interessados em compartilhar vivências profundas e críticas sociais urgentes. Em apresentações que não ultrapassam três minutos, poetas têm seus versos avaliados por jurados escolhidos no público. O espetáculo ganha contornos ainda mais intensos nos desempates decididos pelo fervor das vozes presentes.
“Com a escassez de minas e monas rimando nas batalhas da cidade, propomos uma alternativa acolhedora e resistente”, complementa Mavi, destacando o compromisso do coletivo com a diversidade e inclusão.
Ludimila Cabral, organizadora e poeta atuante, afirma sentir-se segura e acolhida nas ações do Movimento. “Somos radicalmente inclusivos. Se houver desconforto ou desrespeito, agimos imediatamente. É essa segurança que me permite subir ao palco e declamar minhas poesias”.
Já Heron Guilherme Galvão, poeta marginal conhecido como Kaboklo, celebra o espaço oferecido pelo coletivo, onde suas raízes afroindígenas ganham força e visibilidade. “Escrevo poesia marginal porque ela é resistência e ancestralidade viva. O Movimento Conceição é crucial por ser pioneiro em acolher com dignidade mulheres, LGBTQIA+, minorias e crianças”, enfatiza.
Para Rona Freitas de Oliveira, outra integrante do movimento, o Conceição é um dos mais significativos fenômenos culturais recentes da cidade. “É uma juventude feminina e dissidente de gênero criando novas narrativas, desafiando espaços dominados por homens cisgênero. Isso permite ver outras presenças, outras vozes, outros imaginários ganhando vida e transformando a cidade”.
Das assessorias.