há 3 dias
Giovanni Cardoso

De 18 a 27 de novembro, as comunidades escolares de 15 colégios públicos do estado vão vivenciar as narrativas do povo negro e dos quilombolas, em especial aquelas pessoas pertencentes à comunidade da Colônia Sutil, de Ponta Grossa (PR). Ao longo deste ano, a equipe de arte educadores dos projetos “A Glória do Meu Quilombo” esteve em dezenas de escolas da rede pública municipal e estadual. A partir desta terça-feira (18), mais uma edição de “A Glória do Meu Quilombo – A Importância de Carolina Maria de Jesus” chega até os estudantes dos Campos Gerais do Paraná. A proposta é promover a história da escritora, compositora, cantora e poetisa Carolina Maria de Jesus.
Nos próximos dias, o projeto passará por seis municípios do Estado. São eles: Castro, Piraí do Sul, Palmeira, Tibagi, Imbituva e Carambeí. A programação, que segue abaixo, compreende unidades educativas urbanas e rurais. A expectativa do coletivo é que, ao todo, cerca de 1800 estudantes tenham acesso ao material didático e informativo. Nos encontros, a equipe que é formada 100% por mulheres irá contar a história da escritora Carolina Maria de Jesus, associada a história do ‘Quilombo Sutil’, comunidade quilombola localizada em Ponta Grossa. Atravessados pelo racismo, e outras violências sociais, as duas trajetórias são representadas neste projeto, que destaca a história de vida da artista ao mesmo tempo em que reforça o dever social de resgatar a memória da população negra e sua contribuição para a formação social das cidades paranaenses.
No mês de novembro, quando a cultura do povo negro e o movimento antirracista estão sendo exaltados, o projeto chega até as comunidades escolares levando não apenas a perspectiva negra da história, mas a proposta de conexão entre todos os povos que contribuem para a construção social das cidades. Para a idealizadora dos projetos “A Glória do Meu Quilombo”, Ligiane Ferreira, a realização deste trabalho vai além da democratização do estudo sobre a história e a cultura afro-brasileira, da história da África e dos africanos. Também fala sobre a luta dos negros no Brasil e na formação da sociedade nacional, como preconiza a Lei nº 10.639.
“A Glória do Meu Quilombo surge da necessidade de conexão e comunicação com as pessoas negras e da periferia de escolas públicas. Também de falar que existe um quilombo com uma grande importância histórica brasileira aqui em Ponta Grossa e no Estado. E que esta comunidade, a Colônia Sutil, é um local de resistência, existência e sabedoria ancestral, que serve como referência para saber a história como de fato é”, comenta a multiartista.
A Glória Do Meu Quilombo é um projeto de produção de Ligiane Ferreira e Inspire Projetos Criativos; aprovado pela Secretaria de Estado da Cultura – Governo do Paraná, com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura - Ministério da Cultura - Governo Federal.
Colônia Sutil: a origem do projeto
“A Glória do meu Quilombo – A importância de Carolina Maria de Jesus” é um projeto de iniciativa da multiartista e descendente de quilombola, Ligiane Ferreira. Há mais de três anos ela desenvolve atividades educativas e artísticas voltadas à representatividade negra, ao protagonismo feminino e a memória e pertencimento da comunidade da Colônia Sutil em Ponta Grossa (PR). Sua ligação com a Colônia Sutil é cultural, afetiva e familiar, pois seu pai, Wilson Ferreira, nasceu e foi criado até os 8 anos de idade no local. Assim, desde sua infância, o pertencimento foi construído em sua memória, conectando seu objetivo profissional também à sua ancestralidade.
Ligiane conta que foi assim que nasceu a primeira proposta profissional em 2018, com a montagem do monólogo “Quarto de Despejo”, baseado na obra da escritora Carolina Maria de Jesus. Na sequência veio a criar e produzir “A Glória do Meu Quilombo”, em palestra, a fim de protagonizar a fala quilombola e apresentar à comunidade escolar as tradições da Colônia Sutil. Na ocasião, foram mais de 500 pessoas atendidas pelo projeto em mais de dez escolas localizadas em diferentes bairros do município de Ponta Grossa.
“Como resultado, o projeto estimulou o resgate da memória da população negra do município e também do Brasil, causando identificação em grande parte do público-alvo: estudantes de escola pública periférica, que têm em suas raízes laços da cultura negra”, afirma a atriz e dramaturga. “A Glória do Meu Quilombo” correlaciona à cultura negra, a história dos quilombos no Brasil e na região dos Campos Gerais, com a literatura de Carolina Maria de Jesus.
Cronograma
18/11 em Castro:
- Colégio Estadual Antonio e Marcos Cavanis
- Colégio Estadual do Campo Castrolanda
- Colégio Estadual do Campo Professora Edina Woellner Sviercoski
- Colégio Estadual do Campo São Sebastião do Maracanã
19/11 em Piraí do Sul:
- Colégio Estadual Jorge Queiroz Netto
- Colégio Estadual Rivadávia Vargas
- Colégio Estadual do Campo Eurídes Martins
24/11 em Palmeira:
- Colégio Estadual Coronel David Carneiro
- Escola Estadual do Campo João Sidorko
25/11 em Tibagi:
- Colégio Estadual Professora Leopoldina Bittencourt Pedroso
- Colégio Estadual do Campo Baldomero Bittencourt Taques
26/11 em Imbituva:
- Escola Estadual do Campo Maria Eugênia de Camargo Lejambre
- Colégio Estadual Santo Antônio
- Colégio Estadual do Campo Jeocondo Waldemas Bobato
27/11 em Carambeí:
- Escola Estadual Professora Darlene de Jesus Pissaia Moreira
Outras informações sobre os projetos A Glória do Meu Quilombo podem ser acessadas pelo perfil oficial no Instagram: https://www.instagram.com/a_gloria_do_meu_quilombo/