Terça-feira, 01 de Outubro de 2024

Movimento nos motéis diminui durante pandemia de Covid-19, mas casais estão dispostos a gastar mais

2020-07-08 às 14:06

A pandemia do novo coronavírus afetou a rotina de muitos casais, intensificando o contato e reduzindo as opções de lazer. Essa mudança pode ser percebida também nos motéis, onde o movimento diminuiu, mas os casais estão ficando mais tempo e gastando mais. 

De acordo com Rodrigo Baron Martins, diretor do Opium Motel, Vison Motel de Ponta Grossa e Le Piege, em Curitiba, o movimento no segmento foi bastante afetado e a procura teve uma queda de, aproximadamente, 20%. “O motel historicamente é ambiente privativo. Então, nessa época de pandemia, a gente trabalha mais com o público interno e pouco viajantes”, detalha. Ele acrescenta que nos meses de março e abril a queda foi ainda muito significativa, chegando a mais de 30%. 

Por outro lado, ele observa que houve um incremento no ticket médio em torno de 10%. “Com a falta de um restaurante, por exemplo, alguns casais acabam optando pelo motel. As pessoas estão gastando um pouco mais e às vezes ficam um pouco mais de tempo no motel justamente por uma carência de opções de lazer”, opina.

Ambiente de lazer seguro 

“O que acontece é que o motel se tornou o segmento de lazer mais seguro. O ambiente é frequentado por pessoas que já mantém contato e a maioria tem relação estável”, afirma Rodrigo. Ele cita que uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Motéis revelou que 80% do público do segmento estão em um relacionamento estável.

O diretor relata que, para transmitir mais segurança para o público durante a pandemia de Covid-19, a rede de motéis adotou protocolos de higiene ainda mais rigorosos como prevenção ao coronavírus. “Já era corriqueiro nos nossos procedimentos fazer a limpeza com um produto desinfetante chamado quaternário de amônia que é indicado para matar bactérias, vírus e fungos, inclusive borrifando no banheiro, deixando ele agir e enxugando. Hoje, obviamente, a gente redobra os cuidados nas maçanetas, controle remoto, bancadas e todas as superfícies”, explica.

Ele destaca que uma das preocupações é utilizar produtos e ferramentas específicas para cada espaço. “Nós usamos várias esponjas de cores diferentes e aquela que foi usada para limpar a hidromassagem, por exemplo, não pode ir para nenhum outro local para não haver risco de contaminação. São utilizados cinco a sete panos de chão para limpar cada suíte”, exemplifica.

O cuidado também se estende aos colaboradores que são orientados a usar máscaras, luvas, higienizar corretamente as mãos e fazer a assepsia dos calçados antes de entrar no ambiente de trabalho. “A gente também faz um controle diário para ver se teve alguma alteração na saúde e minimizar impactos e até hoje não tivemos nenhum problema. Todo o trabalho que a gente faz é em prol da relação e para cultivar o amor e, nessa época, mais ainda”, frisa.

Novo perfil de público e novos hábitos

A pandemia do novo coronavírus afetou o segmento, mas Rodrigo alerta que o movimento nos motéis vem caindo ao longo do tempo. “O principal motivo dessa diminuição ao longo dos últimos 10 anos é o aumento da oferta da casa própria, o que acaba afastando um pouco o cliente do motel, e também em função da liberalidade sexual de muitas famílias”, opina.

De acordo com Rodrigo, os motéis precisaram se reinventar e começar a atrair um novo tipo de público. “As pessoas que antes não iam ao motel, começaram a frequentar o local. Casais com filhos, quando conseguem deixar as crianças com alguém, vão até o motel para ter um momento mais tranquilo”, conta. 

Ele reforça que o perfil do cliente mudou e houve também uma mudança de comportamento da população em relação ao segmento. “Cria-se uma oportunidade para um público novo que, às vezes, não tem a oportunidade de ter um momento de intimidade, que acaba fazendo falta no relacionamento, além de aumentar a imunidade”, destaca.

Imagem: Freepik