É muito comum os pais se perguntarem como e quando devem começar a ensinar seus filhos sobre noções básicas de economia. Neste artigo quero te ajudar a tomar algumas decisões que tem por objetivo criar adultos financeiramente responsáveis.
Se você esta se perguntando se isso é mesmo necessário, se não podemos deixar esse tema para adolescência, ou mesmo para início da vida adulta, afinal, eu te convido para ler até o final, pois esse tema vai muito além de dinheiro.
Uma pesquisa realizada em 2020 pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) revelou que 8 em cada 10 pessoas sofreram impacto emocional negativo por conta das dívidas. Não estamos falando apenas de promover a riqueza material de nossos filhos, mas principalmente de criar pessoas que sejam capazes de gerenciar suas vidas financeira, evitando os efeitos emocionais negativos e promovendo a sua felicidade.
Dentro deste cenário é importante nos lembrarmos que aprendemos por hábitos, assim como precisamos ensinar as crianças a comerem de forma adequada, um prato colorido com legumes e verduras, também precisamos ensinar as crianças conceitos fundamentais de economia que irão lhes acompanhar pela vida e serão parte essencial da sua saúde não só financeira, como também emocional.
Então, vamos a prática? Vou deixar aqui algumas ideias e conceitos importantes para trabalhar com as crianças de forma prática:
1) Administrando sua renda
Estabeleça uma mesada para as crianças, uma pequena quantia mensal, para que a criança comece a entender conceitos como: guardar dinheiro, estabelecer prioridades de consumo e fazer com que aquele dinheiro dure até a próxima entrada. Você ficará surpreso como eles são capazes de gastar o dinheiro deles com muito mais responsabilidade do que gastam o seu.
A recomendação dos especialistas é que até os 7 anos as crianças tenham uma remuneração esporádica, e a partir daí começa a ter a periodicidade e o compromisso com o tempo.
2)Aprendendo a poupar
O bom e velho cofrinho ainda é uma ferramenta importante para ensinar as crianças a pouparem a reservarem uma parte de sua renda para consumo futuro ou emergências, mas esta técnica só é bem sucedida quando aliada a mesada, encontrar moedas pela casa e no bolso dos pais não terá o mesmo efeito.
3) Brincando de mercado
Com as crianças um pouco mais velhas, a partir dos 7 anos, quando elas já são capazes de fazer pequenas contas, é possível ensinar a fazer comparações no mercado em relação aos preços e quantidades nas embalagens, verificar por exemplo se comprar um pacote de arroz de 5kg compensa mais ou menos que um pacote de 1kg. Faço isso sempre com a minha filha mais velha, desde os 6 anos, hoje com 10 anos ela já tem como hábito, sempre consulta as quantidades. Este é um hábito que muitos adultos não têm!
4) Ensinando sobre custo e benefício
Este é um dos conceitos mais importantes de economia para o nosso dia a dia, e também um dos mais complexos. Comece com comparações simples como: se você não comprar balas e doces todos os dias, podemos usar este dinheiro para fazer um passeio no final de semana. O que lhe trará maior benefício? Doces todos os dias ou um domingo inteiro no parque?
Na nossa família este é o conceito que já estabelecemos desde pequenas para nossas filhas. Por dois anos consecutivos nossa filha mais velha trocou a festa de aniversário por uma viagem, ela mesma chegou a conclusão que três dias de viagem trariam mais benefícios do que três horas de festa de aniversário. E acreditem, o valor gasto foi equivalente, fizemos o orçamento da festa e da viagem previamente e ela escolheu a viagem.
5) Dizendo não ao desperdício
O desperdício faz parte do dia a dia de todos, é preciso ensinar na prática:
– Apague a luz para não desperdiçar energia;
– Desligue a torneira enquanto escova os dentes;
– Não jogue comida fora, coloque no seu prato uma pequena quantidade, se precisar você pode repetir;
Evitar o desperdício não é só uma questão econômica, é uma lição de cidadania!
Quero finalizar com a dica mais preciosa de todas, você precisa ser exemplo! Não iremos criar nossos filhos muito diferentes do que somos ou tentamos ser. Sabe aquele ditado “o fruto não cai longe do pé”? Ele tem mais relação com os hábitos e valores que nossos filhos conseguem ver em nós do que com a genética. As crianças repetem e se espelham, muitos de nós não fomos criados com estes hábitos, precisamos nos esforçar para ser o espelho que nossos filhos precisam que sejamos.