O portal D’Ponta News apresenta uma série de reportagens sobre ‘A Pandemia em PG’. Publicada sempre às terças e quintas-feiras, a série trará sempre uma entrevista exclusiva com a opinião de um convidado sobre as atitudes tomadas no início da pandemia, a atual situação e também como enxerga o futuro para Ponta Grossa.
Quando as medidas de isolamento social foram aplicadas para conter a disseminação da pandemia de coronavírus, muito se falou sobre seu impacto econômico. Mas, para o economista Emerson Hilgemberg, as medidas tomadas pelo poder público em Ponta Grossa foram acertadas. “A gente entende que, em geral, prefeitos estão mais suscetíveis à pressão local que governadores e etc. Mas, a meu ver, a partir do instante que se consegue seguir aquilo que a ciência prescreve de tentar manter algum nível de distanciamento, eu acho que foi o mais prudente”, coloca.
Com relação ao momento atual, Emerson afirma que há um temor de que as medidas para a contenção da doença tenham um ‘efeito rebote’. “As pessoas estão se cansando da quarentena. De um lado, quanto mais cedo você começa, melhor para evitar o contágio. Mas há um efeito curioso: justamente porque as pessoas se recolhem mais cedo e o contágio não acontece, elas acham que não há perigo e tendem a se expor mais”, coloca.
No entanto, ele lembra que existe uma pressão econômica por trás das medidas de reabertura, principalmente do comércio. “O que está acontecendo a nível de política pública nacional acaba rebatendo aqui. O pequeno comerciante não está conseguindo ter acesso a crédito, seja por falta de garantia ou taxa de juros muito alta, e está enfrentando dificuldades”, afirma. Para Emerson, a solução para o problema seria disponibilizar crédito adequado aos pequenos empreendedores. “Esse é um conflito que se instala. De um lado você tem a pressão da economia, das pessoas querendo trabalhar porque têm contas para pagar. Do outro tem a saúde dizendo que não é o momento ainda”, complementa.
Para o futuro, o economista afirma que o retorno das atividades econômicas será gradual. “As pessoas ainda terão algum receio de voltar a frequentar ambientes fechados e com mais gente. Um exemplo prático: se amanhã abrir full time o shopping em Ponta Grossa, é evidente que vai ter algum movimento, mas acho difícil que seja como o movimento pré-crise”, coloca. Emerson ainda acredita que o agronegócio será um grande diferencial na economia da cidade neste momento. “O agronegócio sempre nos sustentou em momentos de crise. No país, o agronegócio sempre foi onde a economia cresceu. Isso acaba sendo um contrapeso na renda” complementa.
Entre as ressalvas com relação às atitudes tomadas pelo poder público até o momento, o economista aponta que seria necessária uma maior fiscalização dos cumprimentos dos decretos. “Não basta editar a lei, é preciso fiscalizar o seu cumprimento. E isso acabou ficando a cargo dos próprios estabelecimentos”, finaliza.