Os números relativos à Covid-19 em Ponta Grossa são alarmantes. Além de utis estarem com a capacidade máxima, os casos ativos da doença superam o da capital Curitiba, a qual possui uma população absoluta cinco vezes maior que a de Ponta Grossa.
As medidas restritivas até então tomadas parecem não dar conta do avanço da pandemia. Há que se considerar também a população, a qual em número significativo não faz sua parte: aglomerações, uso incorreto de máscaras e até mesmo o não uso das mesmas, seja em ambientes privados ou públicos, o que é inconcebível no contexto atual. Adiciona-se a isso uma fiscalização frágil (quando existe) que acaba de certa forma legitimando outras pessoas a se portarem desta forma. Em repartições públicas o descalabro é ainda mais temerário, pois sugere que o corporativismo estrutural prepondera, em detrimento da coletividade, que deveria ser o exemplo e o carro-chefe no cumprimento dos protocolos de biossegurança.
Mas o que parecer ser mais desastroso, é realmente a questão que envolve a vacinação. Enquanto países como Estados Unidos, Israel, Espanha e Reino Unido avançam na aplicação de vacinas, em nosso país, estados e municípios, ficam na dependência da boa vontade de nossos (as) gestores (as) públicos (as), ainda amarrados à velha política, com raízes ainda oligárquicas e arcaicas de um populismo barato: inauguração de obras. Lembrando que isto é obrigação, das mais básicas e elementares, que é feito com dinheiro público e que infelizmente neste contexto só tem servido como um marketing de autopromoção pessoal e interesseiro, com vistas a mascarar o caos existentes em diversos segmentos que compõem a estrutura societária.
Que obras tem sua relevância, não há dúvidas. Mas, diante de um contexto confuso, incerto e de pandemia, quais seriam nossas reais prioridades? Certamente a vacinação de todos, de forma equânime e razoável. E o principal, ouvindo as pessoas.
Nesse contexto, somente agora é que se inicia a vacinação de profissionais da educação. Aqueles que “carregaram o time nas costas” com suas aulas virtuais e demais atividades atinentes a sua profissão, e, agora, reconhecidos por pais e responsáveis como fundamentais na formação de seus filhos finalmente estão sendo atendidos.
Atrelado ao fato da aparente inércia no que tange a vacinação está a questão econômica. Tomando como exemplo a não vacinação da grande maioria dos profissionais da educação superior, a economia local e regional está sendo amplamente impactada com este fato. São micro e pequenos empresários de lanchonetes, restaurantes, prestadores de serviços (dentistas, cabelereiros), farmácias, motoristas, donos de empresas de transporte, lojas de roupas e de materiais de construção, diaristas que estão sofrendo profundamente com docentes e alunos em casa. São 14 meses (até agora) sofrendo com a aparente falta de boa vontade, coragem e perseverança para buscar ao menos minimizar o problema e realmente agir de uma forma sistêmica.
Precisamos de vacinas, já!
Isonel Sandino Meneguzzo (Professor – [email protected]) – Foto: D’Ponta News
SOBRE O AUTOR
Isonel Sandino Meneguzzo é bacharel e licenciado em Geografia pela UEPG. Doutor em Geografia pela UFPR. 9 anos de experiência na educação básica. 12 anos de experiência na educação superior. Atualmente é professor do departamento de Geociências da UEPG.