A expectativa de vida da população vem crescendo ao longo dos anos e alcançou, em 2023, a estimativa de 85 anos, segundo o IBGE. No cenário do empreendedorismo paranaense, o público sênior (com mais de 60 anos) está à frente de 213 mil negócios, número que representa um crescimento de 9,2% em relação ao ano de 2016, quando eram cerca de 195 mil. Entre os principais setores, estão o de Serviços (30%), Comércio (24%) e Agronegócio (23%).
Os dados estão presentes em levantamento do Sebrae/PR, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) – Terceiro Trimestre de 2024, do IBGE, e mostra que 72% desses negócios são liderados por homens e 28% por mulheres, com rendimento médio mensal de R$ 4.076.
Aos 64 anos, Juice Macedo, de Guarapuava, na região Centro do Estado, é um exemplo de que empreender não tem idade. Ex-professora do departamento de Enfermagem de um centro universitário, ela decidiu transformar sua paixão pelo artesanato em um novo caminho profissional após a aposentadoria. Foi nesse momento que encontrou no Sebrae/PR um grande aliado para sua jornada.
Após anos dedicados à educação, Juice buscou novos aprendizados e se especializou em aromaterapia e saboaria artesanal. O gosto pelo que fazia a levou a empreender, inicialmente com uma loja física e, posteriormente, participando de feiras na cidade. O apoio do Sebrae/PR e da Secretaria Municipal da Mulher de Guarapuava foi fundamental para que pudesse expor seus produtos e ganhar visibilidade no mercado.
Como microempreendedora individual (MEI), precisou lidar com a rotatividade do capital e a sazonalidade do comércio. Mais do que vender produtos artesanais, Juice encontrou no empreendedorismo uma forma de manter-se ativa e motivada. O contato com os clientes, a fidelização e as trocas de experiências, segundo ela, são aspectos que a movem diariamente e que a motiva a inspirar outras pessoas a trilharem o caminho do empreendedorismo com segurança e planejamento.
“O Sebrae abriu meus olhos para a importância de fazer planilhas, calcular custos e entender a realidade do comércio. O conhecimento adquirido possibilitou que eu tomasse decisões mais assertivas e estruturasse melhor meu negócio”, pontua.
Orientação
A coordenadora de Relacionamento com Clientes do Sebrae/PR, Letícia Monteiro Pimentel, afirma que o empreendedorismo é uma ferramenta estratégica para apoiar a promoção do desenvolvimento econômico e social, com grande participação do público sênior no processo.
“Eles demonstram que o envelhecimento da população não representa inatividade, significa que é sim uma fase produtiva e inovadora, quando o trabalho e o propósito caminham juntos, com experiência, resiliência e uma gestão estruturada. Temos o compromisso de fortalecer esse ecossistema por meio de capacitação, atendimento, suporte e soluções que garantam um ambiente propício para inovar, gerar empregos e impactar positivamente a sociedade”, aponta Letícia.
O material mostra ainda que 33,8% deles estão formalizados e outros 66,2% estão na informalidade. Estar legalizado, além de trazer benefícios, pode ser um diferencial no sucesso do negócio, já que a pesquisa demonstra que os formalizados alcançam um rendimento médio de R$ 7.655, número 71% maior do que os informais, que contam com média de R$ 2.246.
Além disso, o Sebrae/PR preparou um estudo para aprofundar os conhecimentos dos pequenos negócios formalizados e lançou a pesquisa Empreendedorismo na 3° Idade no Paraná. O material destaca como principal motivação desse público o intuito de aproveitar uma oportunidade de negócio (29%), seguida por necessidade financeira (28%) e desejo de autonomia (25%).
Fernanda Robes, consultora do Sebrae/PR, lembra da previsão de que existirão mais idosos do que crianças até 2030, um ponto que reforça a importância desses empresários no mercado de trabalho, seja no empreendedorismo por necessidade ou por oportunidade. O estudo ainda aponta que, entre os formalizados, 94% começaram seus negócios antes de completar 60 anos.
“Com 213 mil e 91,5% dos negócios ativos há mais de dois anos, o empreendedorismo sênior é uma realidade consolidada no Paraná, mas a informalidade segue em alta, com 66%. Isso traz dificuldades na busca pelo crédito, em acesso a novos mercados e a falta de benefícios, como o de auxílio-doença. Com uma conscientização, esse público pode fortalecer ainda mais a economia paranaense”, conclui Fernanda.
Pequenos negócios
Dados da Receita Federal, apontam que no contexto dos empreendedores 60+ no Paraná, cerca de 83% são micro pequenos negócios, sendo 25% microempreendedores individuais, 48% são microempresa e 10% são empresas de pequeno porte.
Para Lori de Paula, empreendedora do ramo de assistência técnica em Curitiba, o principal desafio foi o de entender que, em determinado momento, era necessário um aprimoramento da gestão do seu negócio, para poder superar as dificuldades financeiras e entrar em uma rota de crescimento. Com 67 anos e mais de duas décadas de empresa, Lori começa a obter resultados positivos.
“Após anos de caminhada operando no vermelho, passei a enfrentar alguns desafios na administração do negócio. Tudo o que eu sabia vinha da minha própria vivência durante décadas. Ao procurar o atendimento do Sebrae/PR, entendi como poderia planejar melhor as atividades da empresa e tive um resultado positivo: para 2025, esperamos um crescimento de 20 a 25%”, aponta Lori.
da assessoria