O investimento estrangeiro registrou um volume líquido de entrada de R$ 18,2 bilhões na Bolsa brasileira, a B3, em novembro. Essa foi a melhor performance de ingresso desse tipo de recurso desde março de 2022, de acordo com informações compiladas pelo consultor de dados de mercado de capitais Einar Rivero.
E essa bolada não surpreende apenas por resgatar um patamar de investimentos só alcançado há um ano e dez meses. Ela representa uma mudança acentuada em relação aos três meses anteriores a novembro.
Em agosto, setembro e outubro os saldos dos aportes estrangeiros na Bolsa foram negativos. Eles ficaram no vermelho em, respectivamente, R$ 10,4 bilhões, R$ 1,4 bilhão e R$ 2,8 bilhões, ainda segundo o levantamento de Rivero.
A questão é o que fez o humor global mudar em relação ao mercado de capitais brasileiro. Luan Alves, analista-chefe da VG Research, diz que uma boa parte da explicação está ligada a um movimento de abrangência global.
Atração por juros
Isso porque, na tentativa de debelar a inflação, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) jogou os juros nas alturas. Em julho, eles alcançaram o intervalo entre 5,25% e 5,50%, o maior nível em 22 anos, onde permanecem até agora.
Essa escalada das taxas, iniciada em março de 2022, estimulou a atração dos investidores globais por títulos da dívida americana, os Treasuries, considerados seguros. Isso ocorreu em detrimento do interesse por ativos de maior risco e de renda variável, como é o caso das ações em Bolsa, especialmente em países emergentes como o Brasil.