O programa ‘Manhã Total’ desta quarta-feira (4), da Rádio Lagoa Dourada FM (98.5), recebeu o superintendente da planta da Cargill em Ponta Grossa, Klayton Araújo. Ele apresentou uma importante novidade tecnológica da unidade local que é a nova operação voltada à produção de lecitina, um emulsificante derivado do óleo de soja, que amplia a atuação da empresa no mercado de nutrição animal.
A Cargill já fabrica e comercializa lecitina em grau técnico, destinada à indústria de tintas e revestimentos. Nesse segmento, o produto se destaca por suas propriedades emulsificantes, que facilitam a combinação entre gordura e outros ingredientes. Também atua como dispersante, promovendo a distribuição uniforme dos pigmentos e contribuindo para a estabilidade da cor. Além disso, melhora a fixação das tintas em diversas superfícies, aumentando sua eficiência de aplicação.
Contudo, na nova fase da empresa já é possível produzir o material para outros mercados como o de nutrição de animais. “Para essa produção, foi necessário um investimento em modernização através de uma área colocada dentro da nossa unidade para reaproveitarmos aquilo que vinha do óleo”, explicou Klayton. Segundo ele, o produto passou a ser produzido em janeiro deste ano. “É feito aqui em Ponta Grossa e isso é algo importante. Contratamos novas pessoas para aprender esse processo e começar essa produção, iniciamos em 6 de janeiro de 2025 e tem sido um sucesso para nós”, avalia.
A lecitina tem aplicações diversas e já está sendo comercializada internamente e para exportação. “Esse processo nos permite crescer junto com os clientes. Estamos buscando para um futuro, clientes para o mercado feed, que é voltado para a alimentação de peixes como tilápias e salmão”, afirma.
Além de citar os investimentos feitos, Klayton destacou que o produto representa uma inovação local. “Esse produto globalmente, não é algo recente. Entretanto, para nossa planta é algo novo e que está crescendo cada vez mais no mercado”. Ele também reforçou a importância da pesquisa para atender ao perfil do consumidor: “Esse estudo de mercado e aquilo que os consumidores estão buscando e como deixar o produto com a cara do consumidor é interessante. Realizamos pesquisas no nosso centro de pesquisas e isso mostra o quanto queremos estar próximos dos clientes e de suas necessidades”, diz.
A Cargill possui vários centros de pesquisa e desenvolvimento, como o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CPNA) da Cargill Nutrição Animal em Mogi Mirim, SP, inaugurado em 2001, e o Latam Innovation Center em Campinas, SP. A empresa também tem centros de aplicação de inovações em diversos locais ao redor do mundo, com mais de 500 profissionais de pesquisa.
A trajetória pessoal de Klayton Araújo também foi tema da entrevista. Natural de Minas Gerais, ele está há um ano e meio em Ponta Grossa e começou sua trajetória na Cargill quase seis anos atrás, na unidade de Uberlândia (MG). “Estar em uma gigante como a Cargill foi uma decisão muito decisiva na minha vida”, disse. Engenheiro de formação, ele atuou no Brasil e no exterior, sempre em multinacionais do ramo alimentício.
A mudança para o Paraná aconteceu dentro de um plano de carreira estruturado. “O estado do Paraná e a cidade de Ponta Grossa estavam no plano de desenvolvimento da minha carreira”, afirmou. Ainda assim, ele reconhece os desafios da mudança. “Estou há 1.000 km de distância dos meus pais e minha esposa há 1.300 km de distância dos pais dela”, conta.
Ele enfatizou o apoio da família nesse processo. “Ter o apoio da família é fundamental, minha esposa me ajudou muito e estamos há 8 anos casados”.
Sobre a adaptação à cidade, Klayton garantiu que a experiência tem sido positiva. “Como já morei em mais de 13 cidades no país e fora, eu me adaptei bem em Ponta Grossa e tive uma boa receptividade”. E destacou a força da marca que representa. “Quando você traz o nome da Cargill isso gera uma proximidade. Cada vez crio mais amizade e sinto o senso de pertencimento em Ponta Grossa e estamos muito bem”, afirma.
Presença da Cargill
Durante a conversa, Klayton também abordou o papel da Cargill em Ponta Grossa e no Brasil. Com mais de 165 anos no mundo e 60 anos no Brasil, a empresa tem forte presença no setor agroindustrial. “Isso mostra como Ponta Grossa e Campos Gerais representam a sua importância”, disse ele, ao lembrar que a primeira unidade de processamento da Cargill no país foi inaugurada no município em 24 de março de 1973. “Foi um marco muito grande e a partir dali foi só crescendo”, expôs.
Atualmente, a planta ponta-grossense tem perfil exportador, com ligação direta ao Porto de Paranaguá. “A planta de Ponta Grossa tanto na região e no exterior, tem a sua importância por ter uma característica exportadora. Esse vínculo com o porto de Paranaguá foi uma grande estratégia da empresa, investindo nos terminais. A nossa planta usa esse terminal do porto para levar o farelo e exportar”, explicou. “Levamos para diversos países da região da Europa e da parte asiática, Coreia e Indonésia”, cita.
A fábrica local emprega diretamente, entre contratados e terceiros, cerca de 250 pessoas nas áreas de produção, logística e comercial. Já no Brasil são mais de 13 mil colaboradores. A Cargill trabalha com grãos e derivados que alimentam cadeias produtivas inteiras, inclusive a pecuária leiteira do Paraná. “Recebemos soja dos produtores e cooperativas e transformamos em alguns produtos de alimentação e energia. Na parte de alimentação temos o farelo de soja que retorna para os nossos fornecedores que se tornam clientes depois para alimentar o gado. E a bacia leiteira do Paraná é muito forte e é representativa no cenário que nós temos”, informa.
A Cargill na sua mesa e com foco na sustentabilidade
Ele também lembrou de marcas conhecidas que fazem parte do portfólio da Cargill. “Temos vários produtos como o extrato de tomate que a maioria se alimenta e que é Cargill, marcas como Elefante, Pomarola e Tarantella. São produzidos na planta de Goiânia pela questão de tomates”. Além disso, citou o azeite Borges, maioneses, óleo de soja e a margarina Liza. “A dona de casa ou o motorista do Uber em algum momento vão ver que no prato tem algo da Cargill”, diz.
A sustentabilidade também foi destaque. A planta de Ponta Grossa conta com cogeração de energia, um sistema que usa biomassa para produzir calor e eletricidade de forma simultânea. “Desde o final de 2023, 60% da nossa energia a gente cogera internamente. Isso significa menos 60% de uso de águas de hidrelétricas, por exemplo”.
Segundo ele, há também um esforço interno em campanhas de conscientização ambiental. “Essa semana, por exemplo, estamos fazendo internamente com os colaboradores campanhas de conscientização de resíduos incluindo toda a parte de separação e instrução”, revela.
Carinho com os colaboradores
A relação com os caminhoneiros, essenciais à logística da empresa, também foi lembrada. “Nós temos o período de safra e nesse período o programa ‘Safra Segura’. É uma preocupação em instruir os caminhoneiros e gerar um ambiente receptivo. Melhoramos a questão da recepção para que os caminhoneiros não fiquem nas rodovias”. Ele citou ainda a estrutura do armazém no KM 509 da rodovia BR-376, que contribui para melhor fluxo de caminhões e evitar filas na fábrica. “
No contexto do Maio Amarelo, a Cargill também realiza ações educativas. “Buscamos sempre um vínculo entre a empresa e o caminhoneiro. Temos que respeitar quem está nas estradas e quem colabora levando os grãos para produzir o alimento”, afirma.
Veja a entrevista na íntegra: