Terça-feira, 25 de Fevereiro de 2025

Paraná concederá 100 bolsas de R$ 5 mil para doutores inovarem no setor empresarial

2025-02-25 às 14:29
Foto: Ari Dias/AEN

O Governo do Estado vai investir R$ 13,5 milhões por meio da Fundação Araucária para a concessão de 100 bolsas de R$ 5 mil por mês para jovens com doutorado atuarem na área de inovação de pequenas, médias e grandes empresas paranaenses. A seleção das empresas que poderão receber estes profissionais será feita mediante chamada pública lançada nesta terça-feira (25) pelo governador em exercício Darci Piana, no Palácio Iguaçu, em Curitiba.

Durante o anúncio, Piana destacou o ineditismo da iniciativa paranaense em nível nacional. “Essa iniciativa é única no Brasil e aproveita um dos principais ativos do Paraná, que são os nossos doutores, e que vão ajudar as empresas e indústrias paranaenses com ideias e soluções relacionadas a produtos, serviços e novas tecnologias”, afirmou o governador em exercício. “Isso também contribui com o grande ciclo de atração de investimentos privados que o Estado vive neste momento”.

Os principais objetivos do edital publicado são estimular a inovação no setor empresarial e criar novas oportunidades de atuação para jovens doutores. Chamada de “Doutores Inovando no Setor Empresarial”, a iniciativa foi elaborada pelas Secretarias da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), e da Inovação, Modernização e Transformação Digital (Seimt), em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), que é ligado à Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).

O programa terá duração de quatro anos e é voltado a pessoas que tenham defendido a tese de doutorado há no máximo cinco anos em todas as áreas do conhecimento. Das vagas disponibilizadas, 30% serão para pequenas empresas, 30% para aquelas de médio porte e 40% para grandes empresas.

Inicialmente, o Governo do Estado vai bancar as bolsas de forma integral, mas o modelo desenhado prevê que gradativamente os custos sejam divididos com as empresas cadastradas, o que fará com que o investimento no projeto total chegue próximo a R$ 27 milhões somando recursos públicos e privados. Ao final do período de quatro anos, a expectativa é de que a maioria dos bolsistas possa ser efetivada nas empresas.

Segundo o presidente da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig, a iniciativa faz parte de um esforço do Governo do Estado para elevar a proporção de doutores no segmento produtivo. “Nos países desenvolvidos, é comum que cerca 40% dos profissionais com doutorado trabalhem no setor empresarial, mas no Brasil ainda temos quase 90% dos doutores atuando apenas na academia”, disse.

“Essa iniciativa do Governo do Estado visa criar oportunidades para aproximar os doutores das empresas, criando uma cultura através do exemplo, e para mostrar para as empresas como elas podem se beneficiar da presença destes profissionais, sobretudo na área de inovação”, complementou Wahrhaftig.

Processo

Os empresários interessados deverão submeter, no momento do cadastro da instituição, as características do negócio e os principais desafios relacionados a ele. Estas informações serão utilizadas como base pelo IEL para definir os critérios de recrutamento e seleção dos doutores para a ocupação de cada vaga, que também será feita mediante chamada pública a ser aberta em abril.

A ação busca valorizar os profissionais com doutorado, mantendo-os atualizados com as últimas tendências científicas e soluções tecnológicas, incentivando a permanência deles no meio empresarial. Para as empresas, a expectativa é de que o programa ajude no desenvolvimento de novos produtos, serviços e tecnologias, aumentando a competitividade delas nos mercados nacional e global.

De acordo com o superintendente do IEL, Alessandro de Castro, o Instituto atuará no projeto dentro da sua expertise, que é fazer o intermédio entre a academia e o mercado de trabalho, desta vez com foco nos acadêmicos mais graduados. “O IEL vai buscar os doutores que sejam mais adequados às necessidades e desafios de cada empresas, de maneira que a atuação deles resulte no aumento da produtividade e da competitividade delas no mercado”, disse.

“Além de fazer essa conexão e conduzir o processo seletivo, o IEL vai ajudar estes profissionais a desenvolverem novas competências, especialmente na questão comportamental, o que faz com que tenhamos uma assertividade de 93% na escolha de bolsistas de modo geral”, acrescentou Castro.

Mais informações sobre o edital e o formulário de cadastro das empresas interessadas estão disponíveis no site do Instituto Euvaldo Lodi.

Estratégia de gestão

Segundo o secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), Aldo Bona, a oferta das novas bolsas para doutores está inserida em uma estratégia global que o Governo do Paraná adotou desde 2019, que busca que as universidades estaduais estejam mais conectadas com as demandas da sociedade.

Ele citou como outros exemplos desse esforço do poder executivo a concessão de outras 50 bolsas para atuação de doutores na indústria e a Agência de Desenvolvimento Regional Sustentável (Ageuni), programa que incentiva o desenvolvimento socioeconômico e aumento da competitividade das empresas paranaenses ao agregar mais tecnologia aos processos de produção de bens e serviços.

“O desenvolvimento do Estado passa necessariamente pelo crescimento da produtividade e o ganho de competitividade das indústrias e das empresas. Quando colocamos mais doutores para atuar dentro delas, contribuímos com este processo”, afirmou.

Atualmente, o Paraná conta com cerca de 25 mil doutores. Com uma média de 1,3 mil novos profissionais formados ao ano atualmente, a estimativa é chegar a 40 mil doutores até 2035, o que faria com o Estado atingisse uma proporção.

Presenças

Também participaram do anúncio o presidente do Ipardes, Jorge Callado; o secretário em exercício da Indústria, Comércio e Serviços, Christiano Puppi o diretor-geral da Secretaria de Estado da Inovação, Modernização e Transformação Digital, Marcos Stamm; os deputados estaduais Cloara Pinheiro e Marcia Huçulak; e o ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Paulo Alvim.

da AEN