A pega no peito foi difícil. Pelas dificuldades em amamentar corretamente, sua bebê já estava perdendo peso. Mas a ajuda veio sem demora. Depois de procurar uma Unidade Básica de Saúde, Jéssica Caroline Camargo foi encaminhada para o Hospital Universitário Materno-Infantil (Humai) para receber orientações de como amamentar da maneira correta. O alívio de finalmente poder dar de mamar sem dor deu a ela o sentimento homônimo ao nome de sua filha – Vitória. No Dia Mundial do Aleitamento Materno, o banco de leite do Humai trabalha na orientação de mães e lactantes sobre a importância da amamentação.
O dia do aleitamento materno, comemorado em 1 de agosto, integra ao Agosto Dourado, mês dedicado a atividades que buscam promover o aleitamento exclusivo até o sexto mês de vida, se estendendo até os dois anos ou mais de idade. A Semana Mundial da Amamentação (SMAM) está focada na sobrevivência, proteção e desenvolvimento da criança. O Humai atua diretamente com esta missão. De janeiro a junho de 2021, foram realizados 366 atendimentos individuais; 40 atendimentos em grupo; 914 visitas domiciliares; além de 540 litros de leite humano coletado. Tudo para incentivar e promover a amamentação. O Humai integrou à campanha com o slogan “Proteger a Amamentação – Uma Responsabilidade de Todos”, com banners, adesivos e ações que durarão durante toda a primeira semana de agosto.
Com apenas 22 dias na data da entrevista, Victória Camargo mamava no colo da mãe. A orientação correta passada pelos servidores do Banco de Leite otimizou o tempo da amamentação. “O tempo que ela levava antes, quase duas horas mamando, hoje ela leva de 25 a 30 minutos”, comemora Jéssica. A orientação auxiliou no tratamento das fissuras no peito, na pega correta e no ganho de peso do seu bebê. “Hoje a hora de mamar está bem mais fácil, o peito não tem fissura, não sinto mais dor. Hoje consigo sentir prazer dando de mamar para minha filha”.
A importância do leite materno
Assim como Jéssica, mães que precisam de ajuda na amamentação recebem suporte de uma equipe multidisciplinar no Banco de Leite. A equipe conta com um nutricionista, uma enfermeira, uma técnica de enfermagem e uma técnica de laboratório, que trabalham no desenvolvimento pleno do bebê e incentivam a amamentação exclusiva e de livre demanda. A enfermeira Ana de Bastiani explica que, ao chegar no Banco de Leite, a lactante será avaliada por toda a equipe. “Toda mãe que perceber que tem alguma dificuldade na sucção ou se o bebê não está ganhando peso, se sentir alguma dor ou alguma dificuldade relacionada a amamentação, ela pode procurar o Banco de Leite, que a gente vai dar esse apoio a ela”. Na consulta são avaliadas as mamas e a pega do bebê no peito. A mãe também recebe orientações sobre a livre demanda e amamentação exclusiva até os 6 meses, sem chupetas ou mamadeiras. “Com a orientação correta, a mãe terá a certeza de que o bebê está sugando e ganhando peso e se desenvolvendo direitinho”, salienta Ana.
“Nós consideramos o leite materno o alimento mais completo que existe. Ele tem proteínas, vitaminas, sais minerais e tudo o que o bebê precisa para se nutrir e começar a construir o seu sistema imunológico, que vai preparar ele para toda vida”, frisa o nutricionista Wagner Kloster Antunes. A primeira parte do leite materno, chamado colostro, fortalece o bebê e ajuda no ganho de peso. “É por isso que nós incentivamos tanto a amamentação, porque o leite humano é um alimento tão completo que não há necessidade de mais nada, nem de água, nem de papinha, nem de fruta. Pelo leite, a mãe vai passar tudo o que o bebê precisa para se nutrir e crescer de forma saudável”.
Não existe leite fraco. O nutricionista explica que o corpo humano é tão inteligente que trabalha para produzir um leite forte o suficiente para nutrir a criança. “Se a criança está perdendo peso, muitas vezes é pela dificuldade da pega na amamentação. Por isso reforçamos tanto o trabalho do banco de leite, porque aqui nós conseguimos orientar as mães, para que elas possam obter esse leite de forma adequada e de quantidade suficiente para o desenvolvimento”, adiciona Wagner.
Trabalho recompensado
“Eu sempre tive a vontade de ter essa amamentação só no peito. Foi quando eu vim aqui e eles conseguiram me ajudar a ir pra frente com essa vontade”, sublinha Jéssica. “Quando a gente consegue ver o sucesso da amamentação, é muito estimulante para os profissionais, porque é o trabalho da gente, então é uma conquista”, relata Ana. Para ela, cada binômio mãe-bebê que consegue realizar a amamentação corretamente representa um fortalecimento no trabalho da equipe. E a persistência é o lema: “A gente não desiste. Uma mãe que vem fazer atendimento pode retornar mais vezes até a gente conseguir que dê tudo certo”.
Para Wagner é gratificante para a equipe trabalhar na orientação de mães e lactantes. “Saber que através do Banco de Leite nós conseguimos ajudar as crianças, seja pela amamentação direta materna ou pela doação do leite humano, sabemos do benefício que isso vai trazer a longo prazo para vida dessas crianças”. O trabalho, segundo Wagner, é de formiguinha. Nos últimos três meses, a equipe conseguiu uma média de 140 litros por mês de leite materno doado. “Vamos de mãe em mãe, a equipe faz um trabalho incrível com isso. Seja uma mãe que a gente consiga auxiliar, já ficamos realizados com o processo”.
Como doar
As mães que quiserem ser doadoras devem estar em processo de amamentação do seu bebê e serem clinicamente saudáveis. Interessadas pode entrar em contato pelos telefones (42) 3220 1050; (42) 3311 8414 ou WhatsApp (42) 99148 1909. Os profissionais farão o cadastro e verificação de exames e hábitos de saúde. Se a mãe se encaixar nas exigências, a equipe entrega os materiais de coleta e orienta sobre como proceder a coleta e armazenamento do leite. Os frascos de leite são retirados pela equipe, semanalmente, na casa das doadoras. Durante a pandemia, a equipe segue também os cuidados de biossegurança para proteção de todos.
da UEPG