Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero na rádio Lagoa Dourada FM, nesta terça-feira (19), a diretora da Associação de Pais e Amigos do Deficiente Visual (Apadevi) Cilmara de Oliveira, o presidente da instituição, Luiz Carlos Carneiro Gomes e o aluno Cristofer Camargo contaram como é o trabalho desenvolvido com os deficientes visuais e relataram dificuldades financeiras.

A Apadevi existe desde 1985 em Ponta Grossa e atualmente atende 197 pessoas com deficiência visual, desde bebês a idosos. “Assim como muitas instituições, a Apadevi também está passando por dificuldades. Nossas certidões estão mais ou menos em dia, conseguimos fazer alguns eventos, mas está bem difícil. Sem a participação da comunidade não teria como tocar uma instituição desse porte”, explica o presidente Luiz Carlos.

A diretora Cilmara relata dificuldades com a construção da sede própria da instituição. “A dificuldade é diária, começando pelo espaço físico que estamos, que não é nosso ainda, é cedido pelo Estado. Estamos construindo há 14 anos e falta muito ainda. São 500 metros que estão levantados e cobertos, mas tem toda a parte do acabamento, desde o reboco, portas, janelas, e os eventos que a gente faz servem para cobrir apenas as despesas diárias”, destaca.

De acordo com Luiz Carlos, cerca de 20% do orçamento da Apadevi é repassado pela Prefeitura de Ponta Grossa, que é responsável pelo pagamento das assistentes sociais. Outra parte é repassada pelo Estado, que mantém os professores e parte das despesas com a manutenção do local. “Recebemos emendas parlamentares, mas elas não vem para construção, somente para manutenção e ampliação, por isso a dificuldade em terminar esta obra. Então o dinheiro que nós gastaríamos na manutenção a gente destina para construção”, explica a diretora Cilmara.

Presidente da Apadevi, Luiz Carlos. Foto: Eduardo Vaz

Atletismo

O presidente da APADEVI conta que a instituição possui uma equipe e atletismo que participa com frequência de competições. “Nossa equipe sempre está levando eles para competições, antes da pandemia, em fevereiro, nós fomos para o Espírito Santo, fizemos algumas rifas e conseguimos participar de uma competição nacional. Ano passado participamos de outro campeonato com 11 atletas e todos trouxeram medalhas”, diz. Para custear as despesas das viagens, a insituição realiza rifas e eventos. “Quando tem as competições sempre levamos nossos atletas, sempre damos um jeito. A instituição ajuda eles no treinamento, toda semana os professores acompanham esse trabalho que é importante para o crescimento dos alunos e usuários”, conclui.

Cristofer Camargo, de 38 anos, é um dos atletas que já conquistou medalhas para a Apadevi. Ele é cego há 18 anos e explica que nasceu prematuro e perdeu a visão do olho esquerdo ainda na incubadora. Já a visão do olho direito foi perdendo com o passar do tempo. “Conheci o Ibirapuera como cego, tem alguns lugares de competição que eu fui e eu  gostaria de enxergar, porque tem mar próximo. Com a instituição eu pude ir para o Beto Carrero, e eu estava lá no alto e eu o pessoal falava que dava pra ver a praia e eu lembro da praia, mas com o tempo as imagens vão sumindo”, conta.

Ele conta que faz parte do primeiro time de Goalball da cidade, um esporte praticado com bola por deficientes visuais, que está sendo formado na Apadevi. “Está sendo algo muito novo que faz com que o deficiente ganhe mais mobilidade, percepção com a audição e trabalha muito com a parte motora, inclui e dá mais ânimo para a pessoa”, finaliza Cristofer.

A Apadevi está localizada na rua Pernambuco, número 344, bairro Olarias. Para saber como colaborar com a instituição, basta entrar em contato no telefone (42) 3223-0784 ou acessar as redes sociais: https://www.facebook.com/apadevi.pontagrossa/

Confira a entrevista completa: