Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2024

Dia do Professor: Docentes de PG falam sobre os desafios de lecionar em tempos de pandemia e o amor pela profissão

2020-10-15 às 10:40

Durante a pandemia da COVID-19, muitos profissionais precisaram descobrir um novo jeito de exercer a profissão, entre eles estão os professores. Com o home office e o ensino remoto, muitos tiveram que aprender a trabalhar com as tecnologias e a se adaptar ao novo normal.

Jaqueline Pallú, professora do primeiro ano do Ensino Fundamental, conta que no início a adaptação não foi fácil. “Eu não tinha muita habilidade com o computador então foi muito difícil me adaptar à essa nova rotina e esse novo modelo de aula. Teve muitos momentos estressantes, vontade de desistir, mas fui me adaptando e vivendo um dia de cada vez”, explica.

Entre as maiores dificuldades estão o aprender a trabalhar com o computador e o sinal de internet ruim, por exemplo, mas a maior delas é aprender a lidar com a saudade da sala de aula e dos alunos, segundo a professora. “A maior dificuldade é ficar longe da sala de aula sem o contato direto com as crianças, como sou professora do 1° ano, a alfabetização exige muito a presença da professora percorrendo as carteiras, pegando na mãozinha daquele que está com dificuldade, é muito difícil ensinar uma criança pela tela de um computador. Tem momentos que sinto vontade de passar pela tela e mostrar, ‘olha é assim’, pegar na mão e mostrar o traçado da letra”, destaca.

Já para a professora Fernanda Geron Rodrigues Sommer, professora do segundo ano do Ensino Fundamental, a adaptação com as tecnologias e com o ensino remoto foi mais tranquila. “Muitos desafios vieram junto com a pandemia: readequação da rotina, distanciamento para proteção e utilização de tecnologias que não faziam parte do contexto de sala de aula com frequência. Minha adaptação foi rápida, nós professores tivemos que nos reinventar. Não tive problemas relacionados à disposição de tecnologia necessária, me adaptei rápido pois tive o respaldo de uma equipe muito solícita e comprometida”, conta.

O apoio da escola em que Fernanda trabalha fez toda a diferença para o desenvolvimento do trabalho, segundo ela. E, apesar da saudade do contato físico com os alunos, isso a motiva cada vez mais. “A saudade é a maior dificuldade que encontro. Apesar de ter contato virtual com os alunos constantemente, sinto muita falta de estar com eles. Mas isso faz com que me dedique ainda mais para demonstrar o carinho e amor tenho por eles”, revela.

Cleide Teresinha Vieira, 54 anos, é professora da Educação Infantil e Curso de Formação de Docentes. Mesmo estando acostumada a utilizar alguns recursos tecnológicos na sala de aula, Cleide destaca que o início das atividades remotas foi desafiador. “A pandemia nos pegou de surpresa. Eu gostava muito de usar algumas tecnologias e já tinha algumas dificuldades, mas agora precisamos estar conectadas o tempo todo. No primeiro momento nós fazíamos vídeos para os alunos. Chorava muito, não sabia fazer cortes no vídeo, então gravava várias vezes. Queríamos que ficasse muito próximo da criança, então foi bem difícil. Quando começamos as aulas online vieram outros problemas: sinal de internet ruim e a qualidade do som, por exemplo”, explica.

Para a professora, as tecnologias são fundamentais para realizar o trabalho neste momento, mas o online não substitui o presencial. “Mas nada é mais difícil do que a falta que nos faz estar no colégio. Ir até lá, estar presente com outros professores. A maior dificuldade pra mim é trabalhar sentada, quietinha na frente do computador. Na sala de aula, eu gosto de andar, estar do lado dos alunos e agora não é possível”, conta.

Durante todo o período da pandemia, o colégio em que Cleide trabalha realizou algumas entregas de materiais e para a professora este momento é emocionante. “A saudade é enorme, fizemos entrega de materiais duas vezes, com todo o cuidado necessário. Mas nessas vezes que vamos até a escola, dá uma vontade enorme de chorar muito”, afirma emocionada.

Mesmo em momentos tão difíceis como este, o amor pela profissão é o que continua motivando o trabalho incessante das professoras. Para Jaqueline, ser professora é também doar-se ao próximo. “Minha profissão significa amor, dedicação, aprendizagem, ensino, constante aperfeiçoamento. É iluminar a escuridão da ignorância, é semear para que outros possam colher, é aprender cada dia mais com o outro, é ter amor pelos alunos, é se doar”, afirma.

Para Fernanda, a profissão é uma das mais privilegiadas. “Ser professora é uma vocação, uma habilidade das mais privilegiadas que existe. É um privilégio transmitir conhecimento e contribuir para a formação de cidadãos de uma sociedade. Uma grande responsabilidade que deve ser executada com muita dedicação”, conta.

E para Cleide, ser professora tem um significado especial em sua vida. “Ser professora é tudo na minha vida. Eu sempre me vi como professora, gosto de trabalhar e para a minha vida, a minha profissão é tudo, é o meu sustento e o meu momento de lazer, meu momento de choro e angústia quando as coisas não dão certo”, finaliza.

Fotos: Arquivo pessoal