Foi enquanto atravessava as ilhas de Paranaguá para dar aula de Artes, que Marcela Bettega obteve a inspiração necessária para a fotografia. O olhar sensível à realidade local rendeu à doutoranda em Geografia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) a participação em dois projetos vinculados ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). ‘Quintal Caiçara’, lançado em 2024, e ‘Corpo de Sonho‘, de 2021, retratam as paisagens caiçaras do litoral paranaense.
Enquanto Corpo de Sonho mostra os abandonos do local, Quintal Caiçara rememora as paisagens que via e as travessias cotidianas. Durante os 11 anos que viveu em Paranaguá, Marcela registrava fotos do mangue e dos canais de travessia do mar. “Eu fazia travessias cotidianamente para ir dar aula, então as fotos das publicações são fruto de de alguém que viveu o território. Eu não era uma turista”.
Desde o Mestrado, Marcela pesquisa patrimônio cultural. A exposição de fotos do projeto faz parte das suas pesquisas. “Fotografei os resíduos, os restos, os abandonos de Paranaguá, porque uma das minhas propostas do Mestrado era uma estética do abandono”. Agora no Doutorado em Geografia na UEPG, mesmo com outro objeto de pesquisa, não tem como não ser influenciada pelas vivências. “Eu pesquisa paisagens e locais acolhedores, então de alguma forma esses trabalhos se postulam”.
A participação nos dois projetos veio por meio de uma chamada do Iphan, que buscava retratar paisagens caiçaras. Na exposição do primeiro trabalho, a doutoranda conta um acontecimento marcante, onde os moradores levaram as fotografias para casa, depois de uma Festa de Fandango. “Quando isso aconteceu, eu falei ‘é isso, eu tô fazendo direito’, porque as pessoas que que vivem nesse território estão achando bonito o que eu fotografo”.
Novos projetos
Com as duas parcerias, veio uma terceira – agora, com a UEPG envolvida. “É um trabalho de inventário participativo, em que eu ministro oficinas, e também atuo nos inventários no Quilombo Sutil. Agora, o Iphan pretende articular uma participação da UEPG para que envolva alunos, para um trabalho mais robusto”. Marcela ainda lançou uma publicação chamada ‘Fachadas e Platibandas no Litoral’, que mapeou e registrou 389 imóveis com platibandas existentes na região central de Ponta Grossa, disponíveis no link aqui.
da assessoria