Domingo, 05 de Maio de 2024

D’P Pessoas: Irmã Edites Bet

2023-04-22 às 08:45
Foto: Paola Antunes

Quando se pensa em uma pessoa com sete décadas de vida, é comum imaginar que desempenhe poucas funções, fique mais em casa e não esteja à frente de grandes responsabilidades. Mas esse não é o caso da Irmã Edites Bet, de 71 anos, diretora do Colégio Sagrada Família de Ponta Grossa. A vida corrida da religiosa mostra uma rotina dedicada à fé e à educação, intercalando orações, trabalhos pedagógicos e auxílio à comunidade. O trabalho social sem distinção, inclusive, é umas das premissas da irmã, que dedica a sua vida ao Catolicismo desde os 12 anos de idade, quando entrou para a congregação Irmãs da Sagrada Família de Maria. O segredo para ser tão ativa, alegre e dedicada ao trabalho é relativamente simples, segundo ela: ter comunhão com Deus e o carinho das pessoas, geradores da energia necessária para empreender tantas tarefas. Figura fundamental para a educação de Ponta Grossa, Edites Bet aborda nesta entrevista o seu lado pessoal, religioso e educador.

Quando e por que a senhora decidiu entrar para a vida religiosa?

Eu entrei para a vida religiosa em 1964, aos 12 anos. Eu morava no internato e, vendo o empenho, a alegria e o testemunho das irmãs, veio-me o desejo de me consagrar a Deus. Além de tudo, eu já tinha duas tias que pertenciam à nossa congregação.

Quais são as maiores alegrias da vida religiosa?

A maior alegria é viver na intimidade com Deus, é um privilégio que nos é dado. Ser livre, não estar amarrada a uma pessoa exclusiva, com toda a liberdade para servir com alegria e dinamicidade os irmãos, essa é a principal alegria que percebo.

A senhora já viveu alguma história marcante como religiosa?

Teve uma situação em que uma criança me perguntou: “Mas, se você não casou, como tem tantos filhos?” Eu respondi que não tinha nenhum filho, mas ela me corrigiu: “Tia, nós todos somos seus filhos”. Então aí eu percebi que a criança, quando se sente amada por nós, nos vê como alguém da família.

A senhora já pensou em abandonar a vida religiosa alguma vez?

Nunca pensei. Eu sempre procurei, e procuro até hoje, colocar Deus em primeiro lugar, mesmo diante dos maiores desafios e sofrimentos. É isso que me dá forças todos os dias para enfrentar desafios, peripécias, o acumulo de trabalho e o desgaste pessoal.

Se a senhora não fosse religiosa e não trabalhasse com educação, o que gostaria de fazer?

Eu trabalharia em alguma esfera na gestão de pessoas ou decoração de ambientes. Eu gosto de tornar o lugar bom para que as pessoas se sintam bem, para que se sintam filhas queridas e amadas de Deus. Eu faria uma tarefa de comando, porque está dentro de mim isso, mas nessa linha mais humana, pois me imagino lidando com pessoas.

Como é estar à frente de uma instituição de ensino tão importante para Ponta Grossa durante tantos anos?

É uma tarefa de compromisso com a verdade da instituição, de responsabilidade, mas também de alegria e júbilo, por contar com as pessoas que trabalham na instituição. O colégio todo funciona dentro dos valores que nós contemplamos, no espírito de família, de trabalho e de pertença.

Segundo a experiência da senhora, quais são os desafios mais comuns na rotina de uma escola?

É a necessidade de priorizar a excelência e a qualidade do ensino científico e da cultura, e aliar isso ao respeito aos valores da vida, da moral, da cidadania e do Evangelho.

A senhora é conhecida por ser uma pessoa muito ativa. Qual é o segredo de tanta disposição?

A disposição está no amor, no relacionamento com Deus e no carinho e devoção que eu recebo das pessoas. E o meu segredo para com os outros é a paixão, o cumprir com responsabilidade e procurar fazer tudo bem feito. E viver de fato como um ser Sagrada Família, consagrada a Deus. Isso me dá força e entusiasmo no dia a dia.

Qual é o santo de devoção da senhora, aquele santo “do coração”?

O meu santo de devoção é São Zygmunt, o nosso fundador. Porque ele era uma pessoa dinâmica, corajosa, que viveu 20 anos condenado ao exílio por ter a coragem de dizer e fazer a verdade, e por colocar Deus em primeiro lugar na sua vida.

Quais são os princípios que norteiam a vida da senhora?

São os que estão no Evangelho, aos quais eu me consagrei com a vida religiosa quando declarei que sempre serviria a Deus em primeiro lugar para servir bem aos irmãos, sem luxos, obediente e casta.

Conteúdo publicado originalmente na Revista D’Ponta #294 Março/Abril de 2023