O curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Ponta Grossa chegou às cinco décadas de existência com festa e troca de experiências. Nesta semana, ocorreu o evento de comemoração pelo aniversário, que rendeu homenagens a professores aposentados, conversa com egressos e perspectivas para a profissão. Intitulado ‘Encontro 50 anos de Engenharia Civil’, o evento aconteceu no Bloco E, de 04 a 06 de dezembro.
A abertura oficial foi realizada na última quarta-feira (04), com a presença de diversas autoridades, professores, ex-professores e alunos como o reitor da UEPG, Miguel Sanches Neto; a prefeita de Ponta Grossa, Elizabeth Schimidt; o diretor do Setor de Engenharias, Ciências Agrárias e de Tecnologia, Adilson Luiz Chinelatto; o chefe do Departamento de Engenharia Civil, Carlos Emmanuel Ribeiro Lautenschläger; a coordenadora do curso, Patrícia Kruger; a vice-presidente do Crea-PR, Margolaine Giacchini e o Deputado Estadual e egresso do curso de Engenharia Civil, Fábio Oliveira.
A professora Patrícia avalia esses 50 anos de história do curso de Engenharia Civil como uma trajetória de excelência, marcada pelo compromisso com a formação de profissionais altamente capacitados e pela contribuição significativa ao desenvolvimento da Engenharia Civil no Paraná e no Brasil. “Ao longo dessas décadas, o curso se consolidou como referência, formando mais de dois mil engenheiros civis que hoje ocupam posições de destaque no mercado, na academia e em órgãos públicos. Essa história reflete o esforço coletivo de professores, estudantes, técnicos e parceiros institucionais que sempre buscaram unir tradição e inovação na construção de um ensino de qualidade”, diz.
Segundo ela, a data não deve representar apenas o passado, mas também uma visão para o futuro. “A celebração reforça o compromisso do curso em continuar evoluindo, investindo em tecnologias como BIM (Building Information Modeling), práticas sustentáveis na construção civil e projetos de extensão que aproximam a universidade da comunidade. Além disso, o envolvimento ativo de egressos, alunos atuais e professores demonstra que o curso de Engenharia Civil da UEPG é mais do que uma instituição de ensino: é uma comunidade vibrante e engajada no progresso técnico e social”, completa Patrícia.
O primeiro dia das comemorações dos 50 anos da Engenharia Civil contou também com a fala do professor Sérgio Luiz Schulz, que fez um breve histórico do curso e destacou as datas mais marcantes, e também com uma mesa redonda sobre estruturas, que contou com mediação da professora Gabriela Mazureki Campos Bahniuk e participação dos professores Nelson Luiz Madalozzo e Roberto Frederico Merhy, ex-reitor, além da egressa do curso Flávia Fasolo. Mas o momento mais marcante da noite foi a homenagem prestada a diversos professores aposentados do curso que estavam presentes, em que eles receberam uma pequena lembrança desses 50 anos. “A atuação de dois deles transcendeu as salas de aula, contribuindo para a administração universitária, como é o caso dos ex-reitores homenageados, que fortaleceram a posição da UEPG como referência no ensino superior. Suas trajetórias continuam a inspirar as novas gerações de docentes e acadêmicos”, finaliza a professora Patrícia.
O encontro de quinta-feira (05) rendeu boas memórias para os presentes. Além de debater sobre transportes e sistemas hidráulicos, a atividade ainda trouxe uma conversa com professores aposentados e egressos das primeiras turmas. Carlos Luciano Sant’Ana Vargas tem íntima ligação com o curso da Universidade. Formado na segunda turma de Civil, ele passou pela docência e gestão da UEPG, como vice-reitor e reitor. “É um momento de muito orgulho, ter feito parte dessa história de 50 anos e ver como o curso de Engenharia Civil se tornou cada vez mais respeitado, dentro e fora da instituição”.
Vargas esteve à frente na organização do evento, mobilizando os professores aposentados. “Este reencontro nos fez renovar os ânimos e passar nossas experiências para as novas gerações, então eu acho que o objetivo foi atingido, pois ficamos o ano todo preparando este evento”. A UEPG, para ele, representa uma vida. “Eu não poderia dizer de forma diferente, aqui foi o meu primeiro e único Vestibular, acabei retornando como professor e fiquei aqui 35 anos, então aqui foi uma vida de conquistas e satisfações”.
O chefe do Departamento de Engenharia Civil da UEPG, Carlos Emmanuel Ribeiro Lautenschläger, destaca o apoio dos professores, atuais e aposentados, para que o evento acontecesse. “Formamos uma comissão e reunimos fotos antigas. Nisso, surgiu a necessidade de contato com mais egressos, então resgatamos contatos e temos até uma conta em rede social agora”. O contato via Instagram e e-mail fez com que o evento tivesse grande adesão e apoio. Tudo por conta da união do curso, segundo Carlos. “Nosso Departamento tem uma característica forte de união, professores e alunos sempre tiveram uma relação muito boa. Então este evento celebra a construção conjunta do nosso curso”, completa.
História brilhante na construção de profissionais
Ao longo das cinco décadas de existência, o curso de Engenharia Civil já formou aproximadamente 2.250 engenheiros, com cerca de 270 graduandos no curso anualmente. Entre os anos de 2015 e 2020, 65% dos estudantes que se formaram são homens e 35% mulheres, com idade média de 22 anos. O sucesso atual se deu após muita luta para a criação e o reconhecimento do curso na década de 1970.
Quando o Setor de Ciências Exatas e Naturais elegeu a professora Adelaide Thomé Chamma como representante no Conselho de Administração, o então reitor Odeni Villaca Mongruel surgiu com um desafio: “Ele lançou a ideia de formar o curso de Engenharia Civil. E a única pessoa para responder pelo sim e pelo não era eu, a única mulher e a única representante. Eu fui corajosa e respondi ‘eu vou cuidar desse curso por você’”. Era 14 de dezembro de 1973 e o desafio foi cumprido com a criação oficial do curso, com início das atividades e 01 de março do ano seguinte.
Só Adelaide, a primeira professora mulher do curso e da UEPG como um todo, sabe o quanto os primeiros anos foram desafiadores. Depois de conseguir formar um corpo docente, veio o reconhecimento do curso, publicado pelo Diário Oficial da União em 30 de agosto de 1978, após formatura da primeira turma. “A sociedade começou a sentir que o curso estava caminhando e começaram a ter mais confiança em nós. Quando chegamos ao fim, eu estava com o elenco de professores completo e foi uma graça de Deus muito grande”.
O legado é palavra forte dentro do curso. A história da Engenharia Civil da UEPG também foi escrita por alguém que viveu os papeis de professor e gestor. Roberto Merhy tinha 27 anos quando tudo começou. “Fui dar aula já para a primeira turma do curso, com alunos meus sem muita diferença de idade comigo”, recorda. Passadas as cinco décadas de criação do curso e os 46 de formatura da primeira turma, para ele é impossível esquecer dos amigos que fez. “As minhas melhores lembranças são as amizades que eu fiz, tanto com professores quanto com estudantes daquela época, sempre com um respeito muito grande”. Merhy ressalta a importância dos professores de Engenharia Civil em “construir” e pensar na concepção do Campus Uvaranas, distribuição de blocos e toda a logística de crescimento. “Foram os professores de Civil que fizeram a distribuição dos blocos por setores, o arruamento, o desenvolvimento dos projetos arquitetônicos, estruturais, elétricos e hidráulicos”. Tudo pensado por professores, auxiliado de alguns alunos.
“O curso de Engenharia Civil para mim representa a base de tudo aquilo que que eu vivi, trabalhei, aproveitei, realizei e amei na UEPG”. Ao curso, Merhy endereça as conquistas de eleição de cargos, como chefe de departamento, direção de setor e eleição para vice-reitor (1991 a 1994) e reitor (1994 a 1998 e 1998 a 2002). Mas nada se compara quando um aluno conquista algo. “Cada vez que um egresso nosso consegue alguma coisa importante, a gente sente que uma partezinha disso foi a gente colaborou”. Essa pequena parte, como descreve, faz tudo valer a pena. “Ver nossos alunos indo longe aumenta a nossa vida útil profissional e nós nos sentimos caminhando junto com eles nessa jornada, ultrapassando as nossas próprias barreiras”.
A prefeitura do Campus (Precam) é tradicionalmente gerida por professores da Engenharia Civil, o que os faz acompanhar o crescimento visível da estrutura. É o caso do professor Joel Larocca. Ele trabalhou na primeira parte dos Blocos L e M, na Central de Salas e prédio da Reitoria (menos os arcos), na décadas de 1980. Por falar em arcos, ele descreve os da Reitoria: “Os meus arcos dos prédios não são assim [virados para dentro], mas são assado [virados para fora], basta ver os da Central de Salas”, disse enquanto gesticulava para exemplificar com as mãos. Apesar de não estar na UEPG na época que o curso migrou do Centro para Uvaranas, Larocca recorda orgulhoso da construção do Bloco E, casa do curso até os dias de hoje. O prédio foi construído totalmente com a técnica de solo-cimento, que consiste numa mistura homogênea, compactada e curada de solo, cimento e água em proporções adequadas. “Isso tudo aqui era para ser provisório, mas veja como está tudo excelente sem sequer um tijolo nessas paredes!”.
A mesma técnica empregada pela Engenharia Civil da UEPG foi a responsável por construir casas para moradores Vila Rubini que, ao saírem do local onde hoje é a horta do Colégio Agrícola, ganharam moradias novas, construídas por profissionais da instituição. “Sabemos que a Universidade tem esse pioneirismo, feito ainda na década de 1970. Nós estávamos sendo notícia em tudo quanto era revista de engenharia do Brasil, por termos pesquisado e achado uma determinada solução construtiva que não era conhecida aqui”, reflete. Você pode ler a reportagem completa, com personagens que passaram pelo curso de Engenharia Civil, aqui.
da assessoria