Um levantamento feito por satélite para averiguar se a arborização em Ponta Grossa era suficiente apontou que há 28.925 árvores na área urbana do município, considerando-se apenas as vias públicas e não as que estão nos quintais dos moradores. Para definir se há árvores o suficiente, o estudo do Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) considerou uma quadra-padrão de 100 metros, onde caberiam oito lotes de 12 metros de testada. Já para calcular quantas árvores cabem nessa extensão de 100 metros de calçada, é preciso examinar os distanciamentos de equipamentos públicos, como esquinas, postes, placas e semáforos.
“Poderíamos ter seis árvores numa quadra de 100 metros. Vimos todas as ruas de Ponta Grossa e fizemos esses cálculos e poderíamos chegar a 64 mil árvores. Se temos 29 mil, temos um déficit de 35 mil”, aponta Silvia Méri Carvalho, professora sênior do PPGEO. A coordenadora do Laboratório de Estudos Socioambientais pondera que, no entanto, é preciso avaliar a largura das calçadas, que era uma informação indisponível nas imagens de satélite e que vai ser apurada, agora, em pesquisas de campo, já que não existe padrão na cidade.
“A literatura recomenda dois metros de largura de calçada, pois, senão, haverá uma disputa entre árvore e pedestre. Considerando esse elemento, pode ser que sejam menos árvores e não cheguemos às 64 mil”, analisa.
Segundo esse levantamento, os bairros mais arborizados em Ponta Grossa são Contorno, com 3.461 árvores em vias públicas; Chapada, com 3.101 e Boa Vista, com 2.900. Já os menos arborizados seriam o Centro, com 970 árvores em vias públicas; Olarias, com 831 e Neves, com 726. Silvia atribui a esse dado a densidade de construção: quanto maior essa densidade, menos espaço acaba tendo. Outro aspecto é que as calçadas do Centro são, em grande parte, estreitas, o que impossibilita o plantio.
Se for considerada a relação de média de árvores por quilômetro, os três bairros mais arborizados seriam Ronda, com 41,7 árvores por quilômetro; Boa Vista, com 37,6 e Estrela, com 35,4. Na proporção por quilômetro, os menos arborizados seriam Uvaranas, com 13,1; Neves, com 7,9 e Cará-Cará, com apenas quatro por quilômetro.
A mestranda do PPGEO, Bárbara de Carvalho Macedo, explica que o levantamento de arborização urbana é feito a partir de um formulário com questionamentos como a altura da árvore, a circunferência do tronco, a espécie, entre outros fatores. Para isso, os pesquisadores adotam a ferramenta Google My Maps, usando as coordenadas geográficas em campo com o apoio de tablets. “Temos as coordenadas geográficas de todas as árvores”, aponta.
Silvia complementa a informação de Bárbara e explica que as coordenadas geográficas servem para elaborar mapas temáticos. Por exemplo, seria possível estabelecer um mapa apenas dos ipês amarelos plantados em Ponta Grossa.
E os quintais?
Para quem quer plantar uma árvore num quintal pequeno, por exemplo, há vários elementos a serem considerados. Um deles é o de não ser uma planta de raízes profundas, porque pode interferir no encanamento ou nos muros de divisas dos terrenos. A professora Dulcina Queiroz, doutora do PPGEO, recomenda que não sejam espécies exóticas, porque elas vão “competir” com as nativas.
Silvia enumera entre as árvores nativas recomendadas para um terreno pequeno o ipê e o jacarandá-mimoso, entre as ornamentais, e as pitangueiras e o araçá, entre as frutíferas. O pessegueiro, ainda que uma árvore de pequeno porte e viável para plantio, não é nativo. Ela também aconselha o plantio de sibipiruna e aroeira-vermelha, que são árvores típicas da nossa região.
O estudante Felipe Gabriel Mendes, formando em Ciências Biológicas, observa que mesmo uma árvore tida como de pequeno porte, como a pitangueira, se não receber o manejo adequado, pode crescer além do esperado. Seu trabalho de conclusão de curso pesquisa a ocorrência de epífitas no município de Ponta Grossa.
Confira a entrevista na íntegra: