A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) sediou o 2º Simpósio em Psicologia Concreta, sob o tema “Psicologia Concreta e século XXI”. O evento, que proporcionou discussões com pesquisadores do campo da Psicologia Histórico-Cultural no Brasil, aconteceu de 07 a 09 de maio, nos dois Campi, com palestras e apresentações de trabalho.
Promovido pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Psicologia Concreta (GEPCO), o Simpósio buscou debater temas atuais sobre a formação da subjetividade e suas implicações psicológicas e educacionais a partir do Materialismo Histórico Dialético da Psicologia Histórico-Cultural e teorias afins.
Durante a abertura, Oriomar Skalinski Junior, coordenador do curso de Psicologia da UEPG, debateu sobre o papel da psicologia concreta na sociedade atual e como o Simpósio se insere neste contexto. Segundo ele, não há neutralidade possível quando se trata dos direitos e da dignidade humana. “A realidade está por ser transformada, e nosso encontro neste simpósio é mais um dos passos nessa direção”, afirma.
Foram 213 participantes de oito estados brasileiros, abrangendo as cinco regiões do país, representando 32 instituições distintas, sendo nove universidades federais, nove estaduais, oito particulares, além de Secretarias Municipais de Educação, outras secretarias, Núcleos Regionais de Educação e diversas escolas. Adicionalmente, foram apresentados 58 trabalhos científicos por 117 pesquisadores e pesquisadoras em oito sessões de comunicações orais.
Abordando a mesma temática, o professor do curso de Psicologia, Marcelo Ubiali Ferracioli, definiu a missão dessa vertente, em que a psicologia concreta eleva o fato psicológico a uma construção objetiva e original, que seja capaz de superar a disputa e entre abordagens formais subjetivas e objetivas, entre o campo das ideias e o que é palpável e aplicável. “Para isso, [a psicologia concreta] precisa eleger outro fato psicológico. Este novo elemento é o drama humano ou o sentido das ações de uma pessoa dentro de uma trama existencial. O objeto, portanto, não é o comportamento em si, ou os processos mentais, mas o sentido que emerge da relação com os acontecimentos concretos da vida de uma pessoa”, declara.
O professor Volnei Campos, presidente do Sindicato dos Docentes da UEPG (Sinduepg), também compôs a mesa. Ele corroborou a visão de que as desigualdades e as condições de trabalho do mundo atual são responsáveis pelo agravamento de quadros psicológicos na sociedade. “A organização e realização desse evento em nossa Universidade, cuja abordagem concreta poderá ser encontrada no trabalho docente, é um campo aberto de pesquisa e atuação profissional para aqueles que assim desejarem”, reflete, após apresentar dados referentes às condições de trabalho de professores universitários.
Origem do GEPCO
O GEPCO surgiu na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) de Bauru, em 2012, por ocasião da banca de livre docência da Professora Lígia Márcia Martins, quando um grupo de amigos militantes, que estudavam juntos na graduação, decidiu iniciar encontros virtuais. “Enquanto nos dedicávamos ao trabalho e à continuidade de nossa formação, concordávamos, na época, que estudar juntos era muito melhor do que estudar sozinhos”, conta Marcelo. Ao longo dos anos, o coletivo se formalizou como grupo de pesquisa, com início em 2023. “Ainda hoje mantemos, na medida do possível, os encontros gerais virtuais e as deliberações coletivas sobre gestão e rumos para o estudo”, explica.
A professora Lígia Márcia Martins, pioneira nos estudos em Psicologia Concreta no Brasil, proferiu a conferência de abertura do simpósio. Ela é reconhecida por suas importantes contribuições para a Psicologia Histórico-Cultural, com foco nos estudos de Vygotsky, possuindo dezenas de publicações, entre livros, artigos e coletâneas sobre o tema.
As informações são da Universidade Estadual de Ponta Grossa.