Avançando nos estudos de fósseis de um grupo de equinodermos parentes das estrelas-do-mar, chamados ofiuroides, encontrados em rochas do Período Devoniano — que datam de aproximadamente 400 milhões de anos atrás —, cientistas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) puderam descrever o processo geológico raro que permitiu a boa conservação dos fósseis.
A descoberta sobre os fósseis coletados em 2020, inédita na América do Sul, é considerada rara em todo o mundo por tratar-se de um animal frágil, exigindo condições excepcionais de fossilização.
Os ofiuroides coletados em amostras do Paraná, na região de Ponta Grossa, são os primeiros a registrarem restos de vísceras carbonificadas, que resultam em uma película escura, rica em carbono, sobre os fósseis. Dessa forma, é possível conhecer em detalhes a anatomia das espécies Encrinaster pontis e Marginix notatus, já extintas.
A preservação por carbonificação não havia sido registrada até agora em nenhum fóssil de equinodermo. O mais comum é que apenas as partes duras, como espinhos e ossículos, do esqueleto desses animais sejam preservados como fósseis. As partes moles (vísceras) costumam se decompor rápido demais para fossilizar sob condições ambientais normais.
A pesquisa propõe o uso do termo Ponta Grossa Konservat-Lagerstätte para referências às rochas do Paraná ricas em ofiuroides bem preservados, além do bom potencial de preservação de outros grupos fósseis associados.
A descoberta está registrada no artigo Preservation models of ophiuroids in epicontinental basins: Examples from a new Devonian echinoderm Lagerstätte from Brazil, publicado na revista científica internacional Journal of South American Earth Sciences.
Os resultados renderam uma premiação da Paleontological Society dos Estados Unidos em 2022, além do prêmio de melhor apresentação no evento mundial 4th Palaeontological Virtual Congress em 2023.
Com o uso de alta tecnologia para as análises, envolvendo tomografia computadorizada e microscopia eletrônica de varredura, os estudos indicam que os ofiuroides prosperaram em diferentes fundos marinhos, embora tenham sido preservados principalmente em regiões mais próximas da foz de rios, onde esses animais são anestesiados e soterrados por sedimentos ricos em água doce.