Ananias Afonso Carneiro, de 63 anos, dirige o Colégio Estadual São Francisco de Assis, em Tunas do Paraná, uma escola de apenas 106 alunos localizada na zona rural. Com 27 anos de experiência na rede pública, Ananias se vê diante de uma oportunidade inesperada a partir do próximo domingo (24), quando embarcara para o Chile para um programa de intercâmbio patrocinado pelo Governo do Paraná, dentro do Ganhando o Mundo.

“Não imaginava ser selecionado para este programa, especialmente vindo de uma escola pequena. É uma grande honra para mim e para meus alunos, que enfrentam um percurso de até 20 quilômetros todos os dias para chegarem à escola”, conta Ananias. Os resultados educacionais estão surpreendendo. A nota no último Ideb foi de 4,3 no ensino médio, contra 3,7 na avaliação de 2017. No ensino fundamental (anos finais) o salto foi de 4,2 para 5,6 de 2017 a 2023.

Segundo o diretor, uma lição que quer levar na bagagem é a resiliência de seus alunos. Ele espera retornar do Chile com um novo arsenal de conhecimentos que possa transformar a realidade de sua escola e beneficiar sua comunidade escolar.

Já Marcello Monteiro, de 47 anos, diretor do Colégio Estadual Leôncio Corrêa, em Curitiba, vive outra realidade. A instituição atende 1.682 alunos e é considerada de grande porte. A unidade ficou com nota 5 no Ideb no ensino médio e 5,8 no ensino fundamental (anos finais).

Com 23 anos de experiência na rede estadual, ele também foi selecionado para a aventura e vê o programa como um reconhecimento do esforço coletivo de sua equipe. “É uma valorização pelo trabalho desenvolvido. A possibilidade de participar deste programa é um reflexo do esforço de toda a equipe e da formação técnica que recebemos. A responsabilidade como gestores só aumenta, mas também nos motiva a buscar e implementar práticas diferenciadas”, afirma.

Ele acredita que as práticas e o conhecimento adquiridos no Chile fortalecerão a capacidade de sua escola em oferecer uma educação ainda mais efetiva aos alunos. “Essa experiência não só enriquecerá nossa prática pedagógica, mas também nos permitirá voltar com uma visão renovada sobre como podemos fazer a diferença na vida de nossos alunos. É um passo importante para elevarmos ainda mais o padrão da educação em nossa escola e inspirar nossos alunos a alcançar seu pleno potencial”, conclui Marcello.

O grupo composto pelos dois e mais 98 diretores de todas as regiões do Paraná (Marechal Cândido Rondon, Guarapuava, Rosário do Ivaí, Sulina, Arapoti, Foz do Iguaçu, entre outros), selecionados para a primeira edição do programa Ganhando o Mundo Diretor a partir de um edital específico, embarca para o Chile na próxima semana.

A jornada, na qual participarão de uma formação pedagógica continuada pelo período de duas semanas, visa proporcionar aos participantes uma imersão nas práticas de liderança educacional consideradas referência em âmbito internacional.

O destino não foi escolhido por acaso. Com uma estrutura de políticas públicas e uma proposta de formação continuada exemplar, as escolas do Chile emergem como referência internacional no campo da gestão pedagógica.

O secretário da Educação, Roni Miranda, lembra que o Chile também foi escolhido por ter o melhor desempenho da América Latina no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, o PISA. “Nossos diretores terão formação ministradas por grandes especialistas em avaliação e acompanhamento de professores, que acontecerá nas próprias instituições de ensino superior”, destaca.

“O impacto desse intercâmbio não se limita apenas aos diretores participantes. A experiência adquirida no Chile tem o potencial de reverberar em toda a comunidade escolar. Ao trazer novas perspectivas e técnicas de gestão pedagógica, os diretores estarão capacitados a implementar mudanças significativas em suas instituições, promovendo um ambiente mais propício ao aprendizado e ao desenvolvimento dos alunos”, complementa.

Ganhando o Mundo

O Ganhando o Mundo iniciou como um projeto-piloto de intercâmbio internacional para estudantes da rede pública estadual do Paraná. Na primeira edição do programa, em 2022, 100 alunos fizeram um intercâmbio no Canadá. Na edição seguinte, outros 100 estudantes tiveram uma experiência na Nova Zelândia.

No ano passado, além do Ganhando o Mundo Professor, que mandou docentes para Canadá e Finlândia para cursos profissionais, 40 alunos foram enviados para estudar por um semestre letivo na França. Já neste ano está acontecendo a “edição mil alunos” do programa, com foco nos países de língua inglesa. Quatrocentos alunos foram para o Canadá, 250 para Nova Zelândia, 250 para Austrália, 50 para Inglaterra e 50 para os Estados Unidos.

Já o Ganhando o Mundo 2025 será ainda maior e levará 1.200 alunos da rede estadual de ensino para cinco países de língua inglesa (Austrália, Canadá, Irlanda, Nova Zelândia e Reino Unido). Durante seis meses, os jovens farão curso equivalente ao Ensino Médio no Brasil. A seleção já está definida.

Também em 2025 acontecerá a primeira edição do programa voltada aos alunos de 1ª série dos cursos técnicos em agropecuária, agrícola, florestal, operações de máquinas florestais e agronegócio, matriculados nos centros de educação profissional. Cem estudantes vão para os Estados Unidos. O destino é o estado de Iowa. A escolha do destino se deu justamente pelo fato de o estado figurar como líder em tecnologia agrícola e coração do corn belt (cinturão agrícola forte em produção de milho e um dos principais polos agrícolas do mundo).

da AEN