Da escola à universidade, celulares colaboram para falta de atenção dos alunos, conforme afirmam os professores Ben Hur Chiconato e Sani de Carvalho Rutz da Silva durante entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero e Eduardo Vaz, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta terça-feira (9).
A professora Sani pondera que o uso indiscriminado de celulares é um problema sério que precisa ser pensado por pais e professores desde a infância. Ela relembra que em 2012 orientou um aluno de mestrado na Universidade Tecnológica Federal sobre o uso do celular para ensino de Física. Na época, existia uma lei que proibia o uso de celular em sala de aula. “Nem imaginava-se que em 2020 o celular ia ser o instrumento que ia ajudar a escola a se aproximar dos alunos durante a pandemia. O celular serviu como instrumento para os professores trabalharem com os alunos, assim como o computador”, diz. Por outro lado, o uso excessivo pode prejudicar a visão e até mesmo provocar problemas de coluna, por exemplo. “Na universidade tem alunos que ficam o tempo todo com o celular, você está explicando e ele perde a atenção, o aluno fica muito viciado”, avalia. Sani ainda completa e afirma que se o aluno ficar dependente do celular para realizar operações matemáticas, nunca aprenderá a fazer mentalmente.
Ben Hur comenta que vê esta situação com preocupação. “Eu vejo que há muita culpa por parte dos pais. Quantas vezes você chega no restaurante para almoçar e vê os pais fazendo a refeição e a criança comendo, mas assistindo alguma coisa enquanto come ou enquanto os pais querem um pouco de tranquilidade. Eu particularmente acho que é o momento dos pais assumirem essa pedra da educação dos filhos. Você perde o contato da conversa, da educação, para que tenha mais tranquilidade passando o celular para que o filho comece a brincar, depois essa criança tem 12 ou 13 anos, ninguém segura mais”, opina.
A professora Sani da Silva ainda destaca que este problema provoca um prejuízo social, já que no caso das crianças, elas ficam isoladas e perdem o convívio social e a tendência de brincar e interagir com as outras. Além desses fatores, Ben Hur enfatiza que o uso excessivo de celular também se tornou perigoso em outros âmbitos da sociedade. “Você vê a pessoa no celular dirigindo, acaba se tornando um instrumento perigoso. Antigamente eu acho que nem todo mundo tinha esse senso de urgência nas respostas”, completa Ben Hur.
Para os professores, a saída é a educação e o diálogo com as crianças e adolescentes. “Tanto na escola quanto em casa, acho que os pais tem que fazer uma educação para o uso consciente do celular”, destaca a professora Sani da Silva. Para Ben Hur é necessário estipular horários para que os filhos possam usar o aparelho celular. “Hoje você vê adolescentes indo dormir de madrugada durante a semana, porque está no Instagram, TikTok, é uma vida sem medida e eu acredito que os pais têm que assumir a responsabilidade”, comenta.