Sábado, 21 de Junho de 2025

“Quero ser exemplo para outros indígenas”, afirma Fátima Koyo Lourenço, enfermeira Kaingang formada pela UEPG

2022-06-17 às 14:47
Foto: Eduardo Vaz

A mais nova enfermeira Kaingang formada pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, Fátima Koyo Lourenço participou de bate-papo durante o programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero e Eduardo Vaz, na Rádio Lagoa Dourada FM (105.9 e 90.9), nesta quinta-feira (17).

Fátima, que mora na aldeia indígena Kaingang de Faxinal, no município de Cândido de Abreu, recebeu o grau de bacharela em Enfermagem na semana de formaturas institucionais promovida pela Universidade. “Para mim parecia tudo novo, pensei em cursar Medicina, mas já tinha outros indígenas fazendo o curso, aí fui para Enfermagem, mas me encontrei na profissão que hoje eu amo”, declara.

Preconceito

Entre as dificuldades enfrentadas ao longo dos cinco anos da graduação, a enfermeira destaca o preconceito que sofreu por parte dos colegas e professores, além do desafio com a linguagem. “Eu falava português, mas enquanto os professores falavam em português, eu escrevia em Kaingang, para lembrar depois do que eles estavam falando. Foi bem difícil”, relembra.

Fátima afirma que os colegas passaram a compreendê-la melhor depois que conheceram a realidade em que ela vivia. “Lá na tribo minha casa é de material, depois que os meus colegas foram para a aldeia eles me aceitaram bem, porque eles tinham essa questão de achar que o indígena andava pelado, só morava em ocas. Depois que eu fiz o projeto de extensão sobre doenças crônicas, foram comigo até a aldeia e viram que é uma vila normal e que eu não era tão diferente. Depois eles me tratavam bem, viraram amigos, em trabalhos eles me ajudavam e antes eu ficava sozinha”, conta.

Objetivos profissionais

Agora, enfermeira pretende trabalhar pela própria aldeia, na Unidade Básica de Saúde da localidade, que é administrada pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI). “Já estou sendo um incentivo para as mulheres, domingo passado teve o vestibular indígena, só da minha aldeia foram 25, todas falavam ‘temos uma enfermeira formada, queremos fazer algo que represente nossa aldeia’. Estou muito feliz pela minha formação, incentivando os outros também de outras aldeias. Se estiver algum indígena escutando, que eu seja exemplo para eles”, conclui.

Confira a entrevista completa: