há 2 dias
Amanda Martins

Um dos crimes mais marcantes dos anos 2000 voltou a repercutir nas redes sociais nesta quarta-feira (12), com o lançamento do documentário Caso Eloá: Refém ao Vivo, da Netflix. A produção revisita o sequestro e assassinato de Eloá Pimentel, em 2008, e traz depoimentos inéditos de pais, irmãos e amigos da jovem, morta aos 15 anos.
Apesar da ampla abordagem do caso, uma ausência chamou atenção: Nayara Rodrigues, melhor amiga de Eloá e também vítima do sequestro, não participa do documentário. A jovem foi mantida em cárcere privado junto com Eloá por Lindemberg Alves, ex-namorado da vítima, durante quatro dias que foram amplamente transmitidos pela imprensa na época.
Nayara estava presente no momento em que Eloá foi atingida com um tiro na cabeça e também foi baleada na boca pelo sequestrador, que hoje cumpre pena de 98 anos de prisão na Penitenciária de Tremembé. Após o episódio, ela se manteve afastada dos holofotes e leva uma vida reservada no ABC paulista, onde se formou em engenharia.
Em 2018, a Justiça de São Paulo determinou o pagamento de indenização de R$ 150 mil a Nayara, reconhecendo falhas da Polícia Militar ao permitir que ela retornasse ao cativeiro após ter sido liberada por Lindemberg.
Em entrevistas concedidas à época do crime, Nayara relatou que os tiros só ocorreram após a entrada da polícia no apartamento. “Às vezes eu me sinto conformada com o que aconteceu com ela, mas às vezes parece que não entra na minha cabeça. Não tem um motivo. Por que aconteceu isso com ela?”, disse ao Fantástico, em 2008.
Segundo informações do portal Metrópoles quando questionadas sobre a ausência de Nayara na produção, a diretora Cris Ghattas e a produtora Veronica Stumpf explicaram que o convite foi feito, mas a jovem optou por não participar.
“Acredito que ela ainda carrega uma ferida. Esse assunto continua muito sensível para ela, e nós respeitamos”, afirmou Ghattas. “Nós procuramos todas as pessoas envolvidas no caso, mas a Nayara preferiu não participar.”
O documentário Caso Eloá: Refém ao Vivo busca recontar um dos episódios mais trágicos e acompanhados da história recente do país, um crime que, 16 anos depois, ainda desperta comoção e reflexão sobre o papel da mídia e das autoridades na condução de situações de violência.